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Tenda: cisão com Gafisa deve ser concluída até primeira quinzena de maio

05 abr 2017, 23:28 - atualizado em 05 nov 2017, 14:06

TEnda

Três anos após o anúncio, a separação entre as incorporadoras Gafisa e Tenda está, enfim, perto de acontecer, dando origem a duas companhias independentes e listadas na bolsa. “Esse processo de cisão vai ser concluído provavelmente entre o fim de abril e a primeira quinzena de maio”, estimou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Tenda, Felipe Cohen.

Com a separação, a Gafisa manterá sua atuação focada em empreendimentos imobiliários nos segmentos de médio e alto padrão, principalmente no eixo de São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto a Tenda reforçará a trajetória de crescimento no mercado popular, focado no Minha Casa Minha Vida, com atuação concentrada em São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife.

A falta de sinergias nas operações foi justamente o principal motivo para os administradores separarem as empresas. No processo de cisão, a Gafisa distribuirá aos seus acionistas metade das ações da Tenda. A outra metade é negociada no mercado, sendo que acionistas de Gafisa têm direito preferencial de compra até 15 de abril. Esta quinta-feira, 6, é o último dia para que os acionistas negociem na bolsa o direito de preferência na subscrição.

A companhia havia informado anteriormente que esse prazo iria até 11 de abril, mas depois retificou essa informação. Fora isso, a Gafisa vendeu à gestora norte-americana Jaguar uma fatia de 20% a 30% de Tenda, o que está sujeito ao exercício de preferência dos acionistas. Caso sobrem menos do que 20% das ações de Tenda, a Jaguar não é obrigada a fechar o negócio.

No acordo anunciado em dezembro, as ações da Tenda foram negociadas a R$ 8,13 – mesmo valor de venda ofertado aos demais acionistas interessados na subscrição. Ao longo da tarde de hoje, o direito de preferência era negociado na bolsa – sob a nomenclatura GFSA11 – em valores próximos de R$ 4,00. Isso significa que o investidor está disposto a pagar o mínimo de R$ 12,13 pela Tenda, soma de R$ 4,00 pela preferência mais R$ 8,13 pelo papel.

O valor é muito próximo do piso de R$ 12,60 fixado na tentativa de abertura de capital da empresa, em dezembro, que era o plano inicial da Gafisa. Como houve baixa demanda na ocasião, o grupo decidiu seguir para o acordo com a Jaguar e a cisão baseada na distribuição e venda dos papéis.

“Dezembro foi um mês com o noticiário muito conturbado. Demos azar na época. O preço de hoje mostra que o mercado está disposto a pagar mais pela Tenda”, avaliou Cohen. Nesta semana, a Tenda ainda anunciou a destituição do conselho fiscal. Segundo Cohen, isso foi feito com o objetivo de economia de custos, estimados em cerca de R$ 200 mil por ano.

Além disso, as regras para as companhias negociadas no Novo Mercado da bolsa não exigem a existência de um conselho fiscal, argumentou Cohen. A empresa mantinha o conselho por respeito a uma cláusula dentro do contrato de debêntures negociadas com a Caixa Econômica Federal, mas a última parcela dessa dívida foi paga em novembro. “Nós entendemos que já temos uma boa estrutura de governança corporativa. Então, o conselho era um custo desnecessário. Se, no futuro, nossa base de acionistas demandar isso, nós podemos reavaliar”, disse.

Futuro

O presidente da Tenda, Rodrigo Osmo, afirmou estar otimista e confiante com o mercado imobiliário em 2017. A expansão das faixas e subsídios do Minha Casa Minha Vida pelo governo de Michel Temer afastou as desconfianças sobre como a nova administração trataria o programa habitacional herdado do governo petista.

“A ampliação do programa foi uma sinalização importante de que ele vai continuar”, comentou Osmo. O executivo ainda disse que há boa demanda por imóveis entre os consumidores de baixa renda, foco da Tenda, o que sustentará os lançamentos e as vendas. O principal risco, entretanto é a possível falta de recursos do FGTS para financiar a habitação popular.

A liberação prevista de aproximadamente R$ 40 bilhões das contas inativas do FGTS é vista como um sinal de alerta, pois o fundo chegou ao seu limite e há risco real de haver escassez de crédito caso seja utilizado em novas iniciativas diferentes do seu objetivo original – que são os investimentos em habitação e infraestrutura. “É um cenário que requer cuidado. O cobertor ficou muito curto. Se houver novas ações para cima do FGTS, começará a preocupar bastante”, completou Osmo.

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