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Tempos difíceis ficaram para trás? CFO da Tenda (TEND3) diz que construtora está dando muitos sinais consistentes

12 out 2024, 12:00 - atualizado em 11 out 2024, 16:47
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Na foto, CFO da Tenda, Luiz Mauricio Garcia. (Imagem: Divulgação)

Tenda (TEND3) surpreendeu os analistas das principais casas do mercado com seus resultados prévios do terceiro trimestre de 2024 (3T24). Foram R$ 1,4 bilhão nas vendas líquidas, sendo um aumento de 68% em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso, a empresa vê que os “tempos difíceis” ficaram para trás.

Em entrevista ao Money Times, o CFO, Luiz Mauricio Garcia, disse que os números da companhia vieram bem fortes na comparação com a média do segmento de baixa renda e até de outras empresas do setor. O destaque do trimestre, segundo ele, ficou por conta do programa Pode Entrar, criado pela Prefeitura de São Paulo para construção de moradias sociais.

“A Tenda foi persistente e resiliente para aguardar a contratação desse programa. A gente poderia ter seguido por um caminho, mas acreditamos que o programa fosse ter essa continuidade, como de fato teve. Então, esses dois empreendimentos do Pode Entrar foram os grandes destaques”, avaliou o executivo.

Apesar disso, Garcia pontua que os resultados mostram um recorde, mesmo sem os empreendimentos associados ao programa. Os 17 lançamentos do trimestre totalizaram, por exemplo, um Valor Geral de Venda (VGV) de R$ 2.038,1 bilhões, outro recorde histórico, sendo somente R$ 531,8 milhões referentes aos dois empreendimentos citados.

A prévia veio, inclusive, mais sólida do que a do trimestre anterior, a qual os analistas consideraram “tímida”. Sobre esse progresso, o executivo relembrou dos problemas com a esteira de aprovações de projetos que estavam travados e que foram dificultados devido às eleições municipais de 2024. “Agora conseguimos, nesse segundo trimestre, compensar esse atraso nesse rito de aprovação, que é algo que foge ao nosso controle”.

A companhia vem retomando o seu crescimento após sequência de prejuízos desde 2021, quando viu seus números derreterem. A construtora, fundada em Belo Horizonte, chegou a acumular nove trimestres de prejuízo líquido consecutivos, findos no primeiro deste ano.

“A Tenda está dando muitos sinais. Pega o release do segundo trimestre e agora essa prévia operacional com esses números operacionais. Isso mostra que aquele problema do passado está ficando pra trás. Esses sinais mostram que a gente está conseguindo, de fato, ter esse processo de turnaround”, pondera Garcia.

Para alcançar esses resultados e afastar o “momento turbulento”, o executivo revela que a companhia precisou olhar para os processos e controles internos, além de aplicar mais o conservadorismo e a disciplina no dia a dia. Um ponto que CFO também considerou uma lição importante foi navegar com uma alavancagem baixa no segmento, assim a empresa consegue absorver melhor os solavancos.

“Acho que, graças ao fato que a Tenda já tinha essa política de dívida líquida zero, a gente conseguiu passar por esse período”, destaca.

Para o próximo trimestre, Garcia avalia que o segmento de baixa renda e de habitação popular seguem em um polo positivo principalmente com os programas Minha Casa Minha Vida (MCMV) e os demais programas regionais, como é o caso do Pode Entrar.

Com isso, ele entende também que fatores de risco do setor imobiliário como a alta da taxa básica de juros, a Selic, não acabam interferindo tanto para o cliente da Tenda, uma vez que o tipo de financiamento utilizado não depende desse indexador.

O que os analistas acharam dos números da Tenda?

A XP Investimentos vê o desempenho da Tenda de forma positiva, com crescimento significativo dos lançamentos e uma melhoria na aprovação de projetos. Isso, para eles, indica um potencial de crescimento futuro.

“Antecipamos que as vendas do programa Pode Entrar irão melhorar a dinâmica de geração de caixa da Tenda, com efeitos materiais a serem reconhecidos no 4T24”, ressaltam os analistas que assinam o relatório.

O Bradesco BBI e o Safra também destacaram os resultados como positivos e surpreendentes, mesmo desconsiderando o programa Pode Entrar.

Para os analistas do BBI, há um potencial adicional nas estimativas de lucro por ação após o 3T24 da Tenda, principalmente por conta dos números do programa Pode Entrar que não estavam incorporados aos números oficiais do banco.

“Estimamos, de forma conservadora, um ganho de R$30 milhões adicionais no resultado final da Tenda em 2025 a partir das unidades contratadas no âmbito do programa”, avalia o Safra. No entanto, a casa segue com a recomendação neutra para a ação.

Já a XP e o BBI indicam “compra”, com preço-alvo de R$ 17 e R$ 18, respectivamente.

Desde o início do ano, as ações de TEND3 caem 6,22%, enquanto o Ibovespa tem um recuo de 2,05% no mesmo período.

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