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Tempo mais seco preocupa produtor de milho na região central do Brasil

19 abr 2022, 13:20 - atualizado em 19 abr 2022, 13:20
Milho
Da segunda safra do país de 88,5 milhões de tonelada, o Mato Grosso deve responder por cerca de 40 milhões de toneladas (Imagem: Pixabay/matthiasboeckel)

O clima seco previsto nesta segunda quinzena de abril para a região central do Brasil, onde estão alguns dos principais Estados produtores de milho do país, pode limitar o potencial produtivo de uma safra estimada em recorde em 2021/22, enquanto ao Sul a condição agora é mais favorável, segundo especialistas.

Após uma quebra da primeira safra pela falta de chuva, o foco se voltou para a colheita de inverno, que pelas estimativas atuais da estatal Conab responderia por 88,5 milhões de toneladas, ou mais de 75% da produção total do Brasil.

Mas o tempo seco previsto para parte de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, até pelo menos o início de maio, pode reduzir o potencial produtivo nessas regiões.

“Estamos olhando com bastante cautela e preocupação, a região sudeste de Mato Grosso, importante região produtora de milho, pode acabar sendo impactada, se isso (a previsão climática) acabar se confirmando”, disse o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, à Reuters.

Da segunda safra do país de 88,5 milhões de tonelada, o Mato Grosso deve responder por cerca de 40 milhões de toneladas, sendo também grande exportador.

“Até o momento, a safra vem desenvolvendo bem… com exceção de algumas regiões relatando redução de volumes de chuvas”, acrescentou ele.

O Brasil conta com uma grande safra para voltar a ser o segundo exportador global de milho e também para atender a indústria de carne, que fica com a maior parte da oferta.

Caso as previsões se confirmem, acrescentou Gauer, o tempo mais seco pegaria uma “grande faixa” da região produtora, de Diamantino (MT) para baixo.

O Brasil conta com uma grande safra para voltar a ser o segundo exportador global de milho e também para atender a indústria de carne (Imagem: Pixabay)

De outro lado, se o Estado conseguir atravessar as próximas duas semanas sem grandes problemas, “estaria com toda a safra salva praticamente”.

“Está com uma fatia grande em aberto, tem 35% a 40% da safra em período de florescimento, ainda precisaria de água. Mas é bem difícil afirmar (fazer previsões), pois normalmente o solo do Mato Grosso retém bastante água”, disse ele, lembrando que umidade acumulada poderia atenuar a falta de chuva.

Ele lembrou que a produção seria recorde principalmente pelo crescimento de área, que aumentou quase 8%, segundo o Imea, impulsionada por bons preços do cereal. Já a colheita deve começar entre o final da primeira quinzena de maio e início da segunda.

Segundo avaliação da Rural Clima, partes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de Goiás, Minas Gerias e o interior de São Paulo não terão chuvas até o final do mês.

“Há previsões de não ter chuvas gerais na região central do Brasil até o final do mês”, disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, nesta terça-feira.

Segundo Santos, uma frente fria deverá trazer chuvas para a região Sul a partir de quinta-feira, mas as precipitações não avançarão para o norte.

Essa previsão, contudo, é benéfica para o Paraná, o segundo Estado produtor de milho, que tem uma safra estimada em um recorde de cerca de 16 milhões de toneladas, conforme apontou o Departamento de Economia Rural (Deral).

Nesta terça-feira, o órgão do governo manteve avaliação de que 97% da segunda safra de milho do Paraná está em boas condições.

Nesta terça-feira, o órgão do governo manteve avaliação de que 97% da segunda safra de milho do Paraná está em boas condições (Imagem: Pixabay/MSphotos)

“A segunda safra 21/22 realmente tem potencial, no momento, para ser recorde. O clima foi favorável em praticamente todo o ciclo já passado da cultura”, afirmou o especialista do Deral Edmar Gervásio.

Segundo ele, uma maior parte da safra está entrando em frutificação, que normalmente demanda mais água. Mas, como o solo já está com bastante umidade, “mesmo chovendo abaixo da média nos próximos 30 dias, ainda devemos ter uma ótima safra”, declarou.

O especialista ainda disse que se as chuvas forem “consistentes” no início de maio, o Paraná deve garantir uma “supersafra”.