Tem BDRs do Nubank (NU)? Veja se é hora de vender (ou migrar para Nova York)
O Nubank (NU) surpreendeu ao anunciar que iria fechar o capital aqui no Brasil. Ou seja, os seus BDRs deixariam de ser listados na B3. A operadora brasileira ainda precisa aprovar a operação.
Segundo o banco, a medida visa facilitar a eficiência e minimizar redundâncias. Isso acontece porque o Nubank precisa cumprir exigências tanto na Bolsa de Nova York (NYSE) quanto na B3.
Na prática, a empresa continuará negociando recibos na Bolsa de São Paulo, mas não será mais uma empresa com dupla listagem.
Para os investidores que possuem os BDRs, restam três opções:
- trocar os recibos por ações negociadas nos EUA;
- trocar o BDR de Nível III por um de Nível I ou,
- fazer a venda dos BDRs em bolsa brasileira ou americana.
O que fazer agora? Lembrando que o Nubank distribuiu mais de 800 mil BDRs na B3, em dezembro de 2021, e cerca de 7,5 milhões de clientes podem ser afetados com a decisão do banco digital.
O que fazer com o papel do Nubank?
Na visão de Sidney Lima, analista da Top Gain, é natural que o papel caia após o anúncio. Os BDRs fecharam em queda de 4,83%, a R$ 4,53. Desde que abriu o capital, o Nubank acumula tombo de 60%.
“Toda e qualquer alteração em relação à listagem dentro da bolsa de valores trazem alguma instabilidade para os negócios. Os investidores tentam raciocinar qual é o real propósito disso e quais são as consequências”, diz.
Para ele, a mudança não altera a avaliação da companhia.
“No caso da empresa, é muito mais viável estar listada somente no mercado norte-americano, que é a maior potência quando falamos de investimentos e das bolsas de valores do que aqui no mercado brasileiro”, completa.
Já o analista Bruno Komura diz que o Nubank tem alto potencial de crescimento, “mas não acho uma boa ideia comprar com um valuation de preço/valor patrimonial 2022 (P/BV 2022) de 5,8x”.
“O cenário aqui no Brasil continua desafiador e nós precisamos ver até onde a inadimplência das empresas financeiras vão chegar. Dado que Inter (BIDI11) e o Nubank estão altamente expostos à varejo, eu acho arriscado comprar o papel agora, mesmo depois da queda expressiva”, completa.
Ele afirma ainda que quando o cenário para Brasil estiver melhor, pode ser uma boa ideia se posicionar, pensando que é uma empresa de crescimento.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, diz que a vantagem de se investir diretamente lá fora é que o acionista aumenta a exposição em dólar.
Cohen explica ainda que a fintech continua crescendo, mas que ainda passa por muitos desafios, principalmente do ponto de vista de crédito.
“O Nubank já tem divulgado perspectivas bem melhores, como lucro ajustado. Tem potencial. Porém, pessoalmente, se tivesse que escolher Itaú (ITUB4) e Nubank eu escolheria Itaú, com certeza. Essas fintechs precisam comer muito feijão com arroz. Em cenários de riscos, elas ficam muito voláteis”, completa.
Na visão do Itaú BBA, a decisão do Nubank é negativa para acionistas minoritários. Em relatório assinado por Pedro Leduc e equipe, o banco disse que não consegue ver os benefícios tangíveis da mudança.
A equipe da instituição disse não acreditar que a decisão prejudique a definição do preço das ações pelos investidores, uma vez que a liquidez das mesmas está concentrada nos Estados Unidos.
De acordo com o BBA, “na prática, a divulgação de informações pode ficar mais pobre, e ainda menos comparável com instituições financeiras locais”.
O Itaú recomenda vender o papel, com preço-alvo de US$ 3,5, o que implica potencial de queda de 32%.
Das 17 casas de análise que acompanham a ação do Nubank, segundo dados da Refinitiv, três têm recomendação de venda, todas elas no Brasil (Itaú BBA, Bradesco e Santander). O BTG Pactual tem recomendação neutra.
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