Telegram: Entenda a história nebulosa e polêmica do app de mensagens bloqueado no Brasil
Com uma história pouco conhecida e cheia de polêmicas, a rede social Telegram teve sua suspensão determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na sexta-feira (18).
Principal concorrente do WhatsApp, aplicativo de mensagens instantâneas da Meta (ex-Facebook), o Telegram tem uma origem diferente das principais redes sociais, vindas dos Estados Unidos ou da China: ele é russo.
Sua criação aconteceu muito tempo antes de a Rússia invadir a Ucrânia, em 2013, fundado pelos irmãos Nikolai e Pavel Durov.
Segundo o site do app, Pavel apoia “financeiramente e ideologicamente o Telegram”, enquanto a contribuição de Nikolai é tecnológica.
Para tirar a rede social do papel, a empresa informa que “Nikolai desenvolveu um protocolo de dados personalizado e exclusivo, aberto, seguro e otimizado para o trabalho com vários centros de dados”.
Com o intuito de se diferenciar das redes sociais dominantes do mercado — como a norte-americana Facebook — os fundadores estabeleceram uma criptografia ponta a ponta no programa atrelado a mecanismos como a possibilidade de iniciar conversas secretas, que são deletadas automaticamente após um tempo determinado pelo usuário.
No Brasil, o aplicativo se tornou popular em 2015, quando o WhatsApp foi bloqueado pela justiça.
Depois disso, nos episódios de quedas ou bloqueios do rival, o Telegram se apresentou como uma alternativa de comunicação rápida e gratuita. Segundo a Statista, atualmente 45% dos brasileiros utilizam a rede social, enquanto 98% dos usuários afirmam usar o WhatsApp.
Hoje, a equipe de desenvolvimento do Telegram está sediada em Dubai, considerada um paraíso fiscal e sede de algumas offshores, porém, a maioria dos seus desenvolvedores vem originalmente de São Petersburgo, na Rússia.
De acordo com as informações da empresa, a equipe do Telegram teve que deixar a Rússia devido às regulamentações locais de TI e tentou vários locais como sua base, incluindo Berlim, Londres e Singapura.
No momento, o aplicativo diz que está feliz em Dubai, “mas estamos prontos para nos mudar novamente se as regulamentações locais mudarem”, afirma a rede social em seu site.
Essas mudanças e dificuldades em achar uma sede são movidas, principalmente, pela falta de transparência que muitos países enxergam na plataforma. Com isso, regularizar o que acontece no aplicativo se torna difícil e contrário a muitas legislações vigentes.
É seguindo essa mesma linha que o ministro Alexandre de Moraes determinou a suspensão do app no Brasil pautado no seguinte argumento: “o aplicativo Telegram é notoriamente conhecido por sua postura de não cooperar com autoridades judiciais e policiais de diversos países, inclusive colocando essa atitude não colaborativa como uma vantagem em relação a outros aplicativos de comunicação, o que o torna um terreno livre para proliferação de diversos conteúdos, inclusive com repercussão na área criminal”, afirmou.