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Telegram: Entenda porque o STF decidiu suspender o aplicativo no Brasil

18 mar 2022, 17:39 - atualizado em 18 mar 2022, 17:39
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Suspenso no Brasil, o Telegram guarda um histórico de longas controvérsias com a justiça brasileira (Imagem: Shutterstock/Marcus Friedrich)

Nesta sexta-feira (18), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu pela suspensão do aplicativo de mensagens Telegram no Brasil.

A decisão do magistrado acontece após uma série de tentativas malsucedidas de contato com os representes da plataforma no país.

Apesar da decisão surpreender muitos brasileiros, que inclusive utilizam a rede social, os imbróglios do Telegram com a justiça, tanto no Brasil como em outros países, não é algo novo.

TSE, Barroso e Telegram

Com as eleições de 2022 se aproximando, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou uma força-tarefa para o combate da disseminação de fake news e desinformação nas redes sociais.

No início do ano, o ministro Luís Roberto Barroso, até então presidente da Corte, estabeleceu parcerias com grandes empresas de tecnologia, como a Meta (FB; FBOK34) – responsável pelo Instagram, Facebook e WhatsApp.

Entretanto, mesmo com a colaboração das mídias de interação social mais utilizadas pelos brasileiros, o ministro se deparou com um único obstáculo: conseguir a adesão do Telegram.

Luis Roberto Barroso
A decisão tomada por Moraes já foi cogitada pelo ex-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, em algumas ocasiões (Imagem: REUTERS/Leonardo Benassatto)

Sem um escritório ou representante comercial no país, o contato com o aplicativo de mensagens instantâneas foi se tornando cada vez mais difícil.

No final de janeiro, os primeiros indícios de uma possível suspensão da plataforma começaram a ser especulados, quando procuradores do Ministério Público Federal (MPF) solicitaram o bloqueio temporário da plataforma.

Já incomodado com a situação, Barroso chegou a declarar em entrevista ao jornal O Globo que plataformas que não se submetesse às leis brasileiras deveriam ser “simplesmente suspensas”.

O então presidente do TSE disse que o Brasil não era a  “casa da sogra para ter aplicativos que façam apologia ao nazismo, ao terrorismo, que vendam armas ou que sejam sede de ataques à democracia“.

Ganho de popularidade

Segundo levantamento do site MobileTimes em parceria com a consultoria Opinion Box, o Telegram está instalado em mais da metade dos smartphones no país, cerca de 53% dos dispositivos.

No entanto, o salto de popularidade é recente. Em 2018, ano das últimas eleições gerais, o aplicativo era utilizada por apenas 18% dos internautas brasileiros.

Desde então, nos últimos anos, o Telegram aumentou sua audiência em 38%. Apesar da rede ser muito menos usada por brasileiros do que o WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger, foi a que apresentou maior índice de crescimento.

Pesquisa Telegram MobileTime
Gráfico com a evolução percentual da popularidade de serviços de mensagem móvel no Brasil (Imagem: Reprodução/MobileTime)

As razões para o aumento de sua popularidade são diversas. Porém, é inegável que a utilização do aplicativo como central de informações pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) gerou grande publicidade e destaque para a ferramenta.

Sem políticas efetivas de monitoramento de conteúdo ou compartilhamento de dados, o Telegram é marcado pela presença em sua plataforma de redes ilegais de tráfico de drogas, vendas de armas e até mesmo distribuição de pornografia infantil. Atualmente, o aplicativo já foi banido em mais de 11 países.

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