Vivo (VIVT3) espera melhora de receita em fibra e aguarda liberação de frequência 5G
A Telefônica Brasil espera conseguir uma recuperação na receita média por cliente em seus serviços de fibra óptica nos próximos meses, apesar do cenário de inflação alta e baixo crescimento econômico, apostando em um aumento de venda de velocidades maiores enquanto trabalha na expansão de sua rede para novas cidades do país.
A companhia, dona da marca Vivo (VIVT3), divulgou na noite da véspera que encerrou o quarto trimestre com uma queda de cerca de 5% no indicador de receita média por usuário (ARPU) dos serviços de fibra óptica em relação ao mesmo período de 2020, a 87,3 reais por mês.
“Abrimos (operações em) muitas novas cidades e fizemos algumas promoções, principalmente no 200 megas (megabit/s) e estas promoções são mais agressivas e acabam tendo impacto sobre o ARPU”, disse o presidente-executivo da Telefônica Brasil, Christian Gebara, em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira.
A empresa lançou serviços de fibra em 61 cidades no ano passado, ampliando sua base de clientes em 1,2 milhão, um crescimento de 36,4%.
Com isso, o mercado potencial que a companhia pode atingir com sua rede atingiu 19,6 milhões de domicílios em 327 cidades. A meta é alcançar 29 milhões até 2024.
“Com certeza poderá haver incremento de preço este ano, que ainda não foi feito pelo ciclo de 12 meses e pelo cenário inflacionário. Estamos tentar buscar outras maneiras de incrementar o ARPU”, acrescentou o executivo.
Ele se referiu ao aumento de participação de produtos de velocidade mais elevada no total das receitas. Segundo o executivo, a Telefônica Brasil aumentou “de maneira importante a venda de 300 e 600 mega e isso deve ajudar na recuperação do ARPU” juntamente com a venda de serviços agregados como Netflix e Amazon Prime.
Em outra frente, Gebara afirmou que a maior aposta da empresa este ano será oferta conjunta de serviços de telefonia móvel e de fibra, recentemente lançada pela companhia, juntamente com serviços digitais que incluem parceria em ensino a distância com o grupo de educação Ânima.
“Claro que preocupa a inflação e a situação inflacionária que terá impacto sobre nossos custos e terá que ter impacto sobre nossos preços, mas a expectativa é que com a oferta completa (a empresa) possa se destacar neste entorno”, disse o presidente da Telefônica Brasil.
OI E 5G
Questionado sobre a compra de ativos móveis da Oi, Gebara afirmou que a transação segue o cronograma após ser aprovada em decisão dividida pelo Conselho Administrativo de Defesa Ecônomica (Cade) no início do mês.
“Estamos seguindo todos os trâmites. Não tem nenhuma paralisação do processo”, disse o executivo, acrescentando que espera a conclusão da operação neste primeiro semestre.
Ele afirmou, porém, que a Telefônica Brasil ainda não tem um valor definido sobre as estações rádio-base que terá que vender da Oi, uma das medidas aprovadas pelo Cade para liberar a transação. “Não sabemos o tipo de equipamento e a qualidade deles. Não temos um valor médio.”
Gebara afirmou que conforme o acordo com as autoridades regulatórias, a Telefônica Brasil vai remunerar a Oi por 12 meses enquanto a empresa estiver operando serviços móveis aos clientes e que depois disso os usuários que não optarem por portar seus números para outras operadoras vão ser transferidos à base da empresa.
O executivo não comentou o valor de investimento previsto para este ano, mencionando apenas uma média anual de 8,5 bilhões de reais investidos nos últimos anos. Segundo ele, dentro dessa conta neste ano estará o foco na implantação de serviços 5G no país, que a empresa pretende ativar nas capitais em 31 de julho.
Inicialmente, a meta envolve a instalação de uma estação radio-base 5G a cada 100 mil habitantes, disse Gebara, esclarecendo que a empresa não tem a obrigação de ter cobertura para toda a população das capitais em 31 de julho, mas para parte dela inicialmente.
Porém, a frequência de 3,5 GHz, considerada como a principal para a oferta de 5G no país e atrelada à obrigação de oferta nas capitais, ainda não foi liberada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), estando ocupada por serviços de satélite.
A agência tem até o final de junho para realizar esta liberação para que as operadoras possam ativar os serviços em 3,5 GHz no fim de julho, disse o executivo. “Esperamos que eles vão liberar até lá”, disse Gebara.
Atualmente, a empresa já está fornecendo conexão 5G em algumas regiões por meio da frequência de 2,3 GHz, disse o executivo. “Já percebemos um consumo (de dados) mais elevado dos clientes”, afirmou.