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TecToy se afasta da nostalgia e investe na automação do varejo

16 set 2022, 8:34 - atualizado em 16 set 2022, 8:35
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(Imagem: REUTERS/Florence Lo)

Com imagem associada à nostalgia de quem foi criança ou adolescente nos anos 1980 e 1990 – com brinquedos como Pense Bem (um clássico que ela mesma criou) e Atari (que passou a fabricar mais recentemente) -, a TecToy não quer mais ficar presa apenas ao apelo do passado.

E isso quer dizer que a companhia poderá deixar em segundo plano os brinquedos e os games, mas sem abandoná-los.

Perto de completar 35 anos, a empresa pretende apostar em novos segmentos, como a automação de varejo.

Entre os produtos que ela quer produzir, estão os totens de autoatendimento cada vez mais populares nas grandes redes do País.

O presidente da TecToy, Valdeni Rodrigues, escalado há três anos para redirecionar os rumos da companhia, vê as chances de “virada” com otimismo – e garante que o crescimento atual tem provado que a decisão foi acertada.

“Não tivemos uma mudança de foco, mas uma diversificação do negócio. A própria TecToy não se sustentava mais à base dos videogames”, diz o executivo.

Isso não quer dizer que essa linha de entretenimento não siga relevante para a empresa.

Em Manaus, local para onde foi atraída por benefícios fiscais e onde hoje mantém sua única fábrica, a TecToy produz mais de 200 mil consoles por ano – todos de marcas com apelo “vintage”, como Atari, Master System e Mega Drive.

O executivo conta que muitos clientes, preocupados em ver seus produtos de estimação desaparecerem do mercado, indagaram a TecToy sobre a nova estratégia de crescimento voltada ao fornecimento de produtos para outras empresas.

Sem abrir números, Rodrigues diz que a situação financeira da empresa está equalizada.

Isso ocorreu após uma série de fundos investir no negócio, momento no qual o fundador Stefano Arnhold saiu da companhia.

Em 2017, conforme os últimos dados públicos, pois a empresa tinha capital aberto, o prejuízo havia sido de R$ 21,5 milhões.

Em 2019, ano da chegada dos investidores, a TecToy tinha 35 funcionários e uma fábrica praticamente parada.

Hoje, são quase 2 mil colaboradores, segundo Rodrigues.

Dentro desse trabalho de colocar a casa em ordem, a companhia decidiu pelo fechamento recente de sua fábrica em Cotia, na Grande São Paulo.

O presidente da TecToy afirma que a unidade fabril não fazia sentido economicamente.

E por isso foi tomada a decisão de consolidar toda a produção da marca em Manaus.

No processo de desativação da unidade paulista, que havia sido montada apenas dois anos antes, 200 funcionários foram demitidos.

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Apego emocional

Segundo o executivo, adultos que usaram os produtos durante a infância seguem clientes da marca – muitos deles presenteiam os filhos com brinquedos como Pense Bem ou Atari, cujos jogos não são violentos como os dos gigantes Xbox e Play Station.

E também há a questão do valor muito mais acessível – o Mega Drive é vendido por R$ 299, enquanto o novo Play Station, da Sony, sai por cerca de R$ 4,5 mil.

Na linha de eletrônicos, a companhia oferece ainda tablets, babá eletrônica e lâmpadas inteligentes.

Com a chegada da internet ultrarrápida 5G ao Brasil, o presidente da TecToy afirma que o lançamento de um novo celular entrou nos planos já para 2023.

“Tivemos um primeiro modelo de celular, mas foi um balão de ensaio.

Agora sabemos que precisaremos ter algum diferencial.”

Automação do varejo

Mesmo que trazer novos produtos ao portfólio seja uma prioridade, a aposta de maior crescimento está mesmo na área de automação do varejo, que no último ano deu um salto de 60%, segundo Rodrigues.

Nesse negócio, a empresa fornece, por exemplo, quiosques em que o cliente pode fazer o seu próprio check-out, algo que começa a se popularizar em alguns varejistas mais avançados no processo de digitalização.

A TecToy tem ainda um terceiro braço de negócio: a fabricação das maquininhas de pagamento no varejo.

Pouca gente sabe que passa seu cartão de débito ou crédito em um produto da fabricante do Pense Bem.

“Nossos clientes nesse segmento são as grandes adquirentes, como PagSeguro, Stone e Cielo. Temos 80% desse mercado”, afirma o executivo.

É a partir dessa experiência que a companhia pretende oferecer novos produtos ligados à automação do varejo.

Olhar para frente

Para o fundador da consultoria da marcas iN, Fábio Milnitzky, é evidente que a marca TecToy possui em uma parte do público uma “percepção associada a uma esfera emocional e ao território de games”.

“A origem e originalidade da marca estão nesse universo, mas a associação é mais indireta no que se refere à tecnologia e à inovação.”

Por isso, ainda é difícil dizer se a companhia terá um lugar ao sol na internet das coisas (IoT).

Tudo vai depender, diz o especialista, da flexibilidade em abraçar novos públicos e necessidades.

“O desafio é uma marca que se espelha no passado, com apelo retrô, se sustentar em IoT e automação, que são muito associadas à inovação e ao futuro.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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