Tecnologia, e não comércio, é a culpada por áreas serem “deixadas para trás”, diz FMI
A crescente divisão entre regiões bem-sucedidas e “atrasadas” nos países desenvolvidos tem sido amplamente impulsionada pelas tendências de automação e produtividade, e não pelo comércio global, disse o Fundo Monetário Internacional em um relatório divulgado nesta quarta-feira, antes de suas próximas reuniões anuais.
“Choques comerciais… não parecem conduzir as diferenças no desempenho do mercado de trabalho entre regiões defasadas e as outras regiões, no geral”, concluiu o FMI. “Por outro lado, os choques tecnológicos… aumentam o desemprego em regiões mais vulneráveis à automação, com regiões atrasadas e mais expostas particularmente prejudicadas”.
Embora os resultados possam diferir por país -o FMI disse especificamente que suas descobertas não eram inconsistentes com pesquisas que constataram grandes deslocamentos comerciais nos centros de manufatura dos Estados Unidos– no mundo desenvolvido como um todo “choques da concorrência de importações… e da ascensão econômica da China não têm impactado nos efeitos médios sobre o desemprego regional em uma ampla amostra de economias avançadas”.
A questão está no centro do debate sobre a globalização, como ela afetou grupos de eleitores politicamente influentes em alguns países e se a cura protecionista buscada por alguns políticos representará riscos para o crescimento global, que deixam todos em pior situação. Certamente é com a possibilidade de isso estar acontecendo que as autoridades do FMI se preocupam, à medida que os fluxos comerciais globais diminuem.
Embora a concentração de empregos e riqueza em regiões de um país possa ser uma “característica normal do crescimento” que eventualmente traria benefícios de “recuperação” para outras áreas, o FMI disse que o processo de “convergência” no mundo desenvolvido desacelerou ou parou.
Áreas que sofrem de “ineficiências persistentes” podem correr o risco de serem deixadas para trás para sempre, disse o FMI, uma situação que “pode alimentar descontentamentos e polarizações políticas, corroer a confiança social e ameaçar a coesão nacional”.