Tebet Sensitiva? Inflação acumulada de abril pode ser a mais baixa desde outubro de 2020
Ontem, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, fez sua aposta. Para ela, a inflação do mês passado deve vir abaixo do esperado.
“Teremos uma surpresa. A inflação virá um pouquinho menor do que as expectativas”, disse a ministra, durante sessão conjunta das comissões de Infraestrutura (CI) e de Desenvolvimento Regional (CDR), no Senado.
A previsão de Tebet será confirmada na sexta-feira (12), quando os dados do Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) de abril serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas uma coisa já certa pelo mercado: a inflação deve se manter dentro do teto da meta pelo segundo mês consecutivo.
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Os economistas do Santander projetam uma alta de 0,55% no IPCA em abril. Se confirmada será uma desaceleração em relação ao resultado de março, de 0,71%. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses ficaria em 4,1%, o menor nível desde outubro de 2020.
Inflação dos combustíveis
Para Rafael Rondinelli, economista do Banco Modal, o que deve ajudar na desaceleração da inflação serão os combustíveis. Ele projeta uma alta de 0,56% no IPCA de abril, com um acumulado de 4,13%.
“A desaceleração na leitura mensal ante o mês anterior será proveniente de combustíveis com a dissipação do efeito da reoneração de impostos. Transportes, por consequência, terão alta de apenas 0,72% ante 2,11% anterior. No entanto, note-se que o grupo seguiria com alta contribuição de 15bps para o índice cheio”, disse.
Por outro lado, o grupo de Saúde e Cuidados Pessoais deve avançar 1,37% e ter um impacto de 18 bps, resultado do aumento de preços de produtos farmacêuticos.
Andrea Ângelo, estrategista de inflação da Warren Rena, também aponta que a inflação mais baixa deve ser puxada pelo término do efeito do ICMS nas tarifas de distribuição e transmissão de energia elétrica. Enquanto o grupo de Alimentação puxa para cima.
“O grupo Alimentação no domicílio deixa a deflação de março e deve apresentar alta de 0,25% no mês e 4,6% no ano, puxada por leites e derivados e tubérculos (batata e tomate), que seguem mostrando movimento de alta nas coletas”, afirma.
Nas projeções de Andrea, o IPCA de abril terá alta de 0,58% e variação 12 meses em 4,15%.
De olho no 2º semestre
Apesar dos resultados positivos, até dezembro, a inflação de 2023 deve voltar a ficar acima da meta determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o ano, de 4,75%.
“Estamos na parte mais difícil do processo de desinflação, e as expectativas de médio/longo-prazo seguem acima da meta por conta das incertezas quanto à continuidade de reformas econômicas estruturais e do debate sobre metas de inflação. Projetamos variação do IPCA próxima de 6% para o final de 2023”, apontam os especialistas do Santander, em relatório.
O motivo é o mesmo já apontado pelo Banco Central na ata do Comitê de Política Monetária (Copom). No documento, a autarquia destacou que, para o segundo trimestre, é, sim, esperada uma queda relevante na inflação acumulada em doze meses em função do efeito base do ano anterior.
Em maio e junho de 2022, o IPCA mensal se encontrava abaixo do 1% e isso vai influenciar nos números acumulados dos próximos meses. Além disso, entre julho e setembro, o país registro deflação.
Por outro lado, o segundo semestre deve ser marcado por uma volta na alta dos preços.
“No segundo semestre, como os efeitos das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no terceiro trimestre de 2022 não estão mais incluídos na inflação acumulada e ainda se terá a inclusão dos efeitos das medidas tributárias deste ano, se observará elevação do mesmo indicador”, aponta o texto.
Rafael, do Banco Modal, afirma que os dados de abril podem gerar certo grau de otimismo novamente, uma vez que nos aproximamos da meta de inflação na comparação anual. Mas, os passos finais para a convergência são justamente os mais difíceis no combate à inflação.
“Tanto as nossas projeções quanto as de mercado e do Banco Central apontam para uma nova aceleração do índice, que terminaria próximo do patamar de 6% segundo o Relatório Focus. Atualmente esperamos inflação terminal de 6,45% em 2023, o que justificaria a taxa Selic inalterada até o final do ano”, diz.