Tchau, B3: em meio a processo de listagem nos EUA, Inter vive maré positiva
O Inter (BIDI11) vive um momento decisivo para as suas operações. No início do mês, a companhia anunciou que contratou Bank of America, Bradesco BBI, J.P. Morgan e Itaú BBA para assessorar seu processo de reorganização societária, que inclui a deslistagem das ações na B3 (B3SA3) e a abertura de capital na Bolsa americana Nasdaq.
Com a migração da base acionária à Inter Platform, as ações ordinárias e preferenciais, bem como as units do Inter deixarão de ser negociadas na B3. O banco passará a negociar BDRs (Brazilian Depositary Receipts, certificados emitidos no Brasil que possuem como lastro ações emitidas no exterior) lastreados em ativos da Inter Plataform na Bolsa brasileira.
Segundo a Genial Investimentos, a listagem no exterior é a “cereja do bolo” da tese de investimento da companhia.
“A ideia complementa as iniciativas de internacionalizar o marketplace e comprar a Usend, que devem possibilitar ao banco replicar o ecossistema que criou no Brasil nos Estados Unidos“, afirmaram Eduardo Nishio, head de Research e Finanças da Genial, e Bruno Bandiera, analista da corretora.
De acordo com a Genial, as sinergias vão além da operação, uma vez que, a múltiplos mais altos, as fintechs listadas lá foram têm acesso a mais capital e a valuations mais atrativos. E o Inter tem muito a se beneficiar com a mudança, visto que o número de clientes continua em expansão (e deve continuar dessa maneira) e sua carteira de crédito tem potencial para crescer bastante.
“A listagem no exterior é a cereja do bolo, haja vista a perspectiva positiva de crescimento do número de clientes e principalmente carteira de crédito no Brasil, reforçada pelo fato de o Inter já possuir 8% de participação em volume de Pix e menos de 0,3% de participação em carteira de crédito”, destacaram Nishio e Bandiera.
Por que a migração é positiva?
A proposta de reorganização societária consiste na incorporação de todas as ações de emissão do Inter por sua controladora direta, a Inter Holding Financeira, com a entrega aos atuais acionistas do Inter de ações preferenciais obrigatoriamente resgatáveis de emissão da Inter Holding Financeira.
Se a proposta for aprovada em assembleia, as ações preferenciais serão resgatadas pela Inter Holding Financeira mediante a entrega aos acionistas de BDRs Nível I lastreados em Class A Shares ou do montante em reais correspondente ao valor econômico por ação preferencial e/ou ordinária do Inter.
A Genial destacou que nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, é possível ter o controle da empresa sem necessariamente ter a maioria do capital votante por meio de ações com diferentes poderes de voto.
“A estrutura possibilita aos controladores realizarem mais ofertas de ações sem perder o controle do banco, e por consequência, levantar mais capital para financiar o crescimento”, comentaram os analistas.
Após a implementação da reorganização, haverá duas classes de ações: Class A Shares, que conferirão o direito de um voto por ação, e Class B Shares, que conferirão dez votos por ação, de titularidade exclusiva do acionista controlador do Inter.
Essa estrutura pode ser interpretada como um problema de governança, uma vez que diminui os poderes de decisão dos acionistas minoritários. No entanto, foi firmado, por exemplo, um acordo com o acionista Softbank, que aceitará receber BDRs ou ações classe A.
A Genial disse que o cenário de curto prazo traz uma maré positiva para o Inter, o que explica a recomendação de compra da ação, com preço-alvo de R$ 80.