Tchau, Americanas (AMER3): Ação deve perder seu lugar no Ibovespa; entenda
Com a entrada do pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (19), a saída da Americanas (AMER3) do Ibovespa se torna algo provável de acontecer. Isso porque, pelas regras da B3, uma empresa em recuperação judicial não é elegível para fazer parte de índices da Bolsa.
A Americanas, que está com dívidas que somam R$ 43 bilhões, informou que apresentou pedido imediato de recuperação judicial, após o fracasso das negociações entre acionistas e credores para acertar o valor da injeção de capital na varejista.
Em recuperação judicial, a Americanas terá um prazo de blindagem por 180 dias em que todas suas obrigações de dívida ficam suspensas.
Impacto nas ações
A saída da Americanas não será só do Ibovespa, mas de todos os índices em que está listada.
A companhia integra os principais índices brasileiros, incluindo o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) e o Novo Mercado, nível mais alto de governança corporativa da B3.
Geralmente, a retirada das ações de uma companhia em recuperação judicial ocorre no dia seguinte ao anúncio.
Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, diz que a saída da Americanas do principal índice da Bolsa brasileira seria mais um fator que pesaria sobre o ativo, uma vez que reduziria o fluxo de negociações do papel.
Ferrer também vê como cada vez mais provável que a Americanas vire uma penny stock. Novas quedas estão previstas para a ação, dada a volatilidade do papel.
“Não acho difícil, principalmente se saírem notícias mais duras envolvendo inconsistências contábeis maiores ou que os controladores sabiam dessas inconsistências. Tem muita pergunta ainda não respondida”, avalia.
Ferrer lembra o caso da Oi (OIBR3;OIBR4), que saiu em dezembro da recuperação judicial, concluindo um processo que se estendia por mais de seis anos. Até a Justiça do Rio de Janeiro determinar o encerramento da recuperação judicial da empresa de telecomunicações, as ações enfrentaram forte volatilidade, chegando inclusive a operar abaixo de R$ 1 por diversos pregões seguidos.
Dentre os critérios de seleção para que uma ação possa fazer parte do Ibovespa, o ativo precisa:
- ser negociado com regularidade: estar entre os ativos elegíveis que, no período de vigência das três carteiras anteriores, em ordem decrescente de Índice de Negociabilidade (IN), representem em conjunto 85% do total desses indicadores. Além disso, terem sido negociados em 95% dos pregões durante o mesmo período;
- ter volume financeiro relevante: participação de pelo menos 0,1% do volume negociado durante o período de vigência das três carteiras anteriores; e
- não ser penny stock.
De acordo com a XP Investimentos, com base em entradas e saídas do Ibovespa nos últimos cinco anos, as ações incluídas no índice valorizaram em média 6,6% nos 30 dias antes do rebalanceamento.
Já as ações removidas sofreram, em média, queda de 20,7% nos 30 dias antes do rebalanceamento.
A Americanas tombava 27% nesta quinta, negociada a R$ 1,27 na Bolsa, após o anúncio de divulgação do pedido de recuperação judicial.