Economia

Taxas futuras de juros sobem puxadas por Treasuries e alta do dólar

16 maio 2023, 17:10 - atualizado em 16 maio 2023, 17:10
Juros
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,705%, ante 11,672% do ajuste anterior (Imagem: REUTERS/Bruno Domingos)

As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a terça-feira em alta, com investidores reagindo ao avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e à forte elevação do dólar ante o real no Brasil, em um dia marcado pela mudança da política de preços da Petrobras.

Pela manhã, a divulgação de dados positivos sobre a economia norte-americana deu força às taxas dos Treasuries, títulos do governo dos EUA, se sobrepondo à divulgação de números considerados negativos da economia chinesa.

O Federal Reserve informou que a produção manufatureira dos EUA acelerou 1,0% em abril, acima da expectativa de alta de 0,1% dos analistas consultados pela Reuters.

Já o Departamento de Comércio informou que as vendas no varejo subiram 0,4% no mês passado, abaixo da alta de 0,8% esperada. No entanto, a composição do indicador agradou o mercado.

“O exterior é o principal fator para a alta das taxas de juros no Brasil, porque a curva está abrindo bem nos EUA”, comentou o economista Rafael Pacheco, da Guide Investimentos. “Os dados de vendas de varejo e produção industrial agradaram. Vendas no varejo vieram com uma composição um pouco mista, mas os componentes demonstram força.”

A leitura foi de que, com a atividade econômica forte, o Federal Reserve precisará manter seus juros em patamares elevados por mais tempo, o que gerou ajustes na curva norte-americana. As taxas no Brasil acompanharam.

Um segundo fator a influenciar o movimento é a expectativa em torno da negociação, nos EUA, para ampliar o teto da dívida. Caso não haja acordo entre o governo e o Congresso, o país pode ficar sem dinheiro para honrar compromissos em 1º de junho.

Nesta terça-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, se reúne com o principal republicano do Congresso norte-americano, Kevin McCarthy, para discutir a questão.

“Ninguém acredita que vá ocorrer um default, mas essas conversas acabam pressionando os ativos”, pontuou Pacheco.

A alta do dólar ante o real, em especial após a aceleração ocorrida à tarde, também ajudou a sustentar a alta das taxas futuras de juros no Brasil, em especial na ponta longa.

“Por volta do meio-dia, vimos uma acelerada no dólar. Isso também faz uma força na abertura das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros). Um dólar mais alto acaba pressionando a curva de juros, principalmente as pontas longas”, avaliou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

A mudança na política de preços da Petrobras, no entanto, não fez preço diretamente na curva a termo neste primeiro momento, disseram profissionais ouvidos pela Reuters.

A Petrobras abandonou a política de paridade de preços de importação e cortou os valores dos combustíveis.

Conforme Izac, o anúncio foi bem recebido porque o mercado, de forma geral, esperava mudança ainda mais radical na política de preços.

“Houve uma quebra de expectativas. O mercado acreditava que seria muito ruim, mas houve certo alívio neste primeiro momento, o que também se refletiu na alta das ações da Petrobras”, disse.

Profissionais avaliaram, no entanto, que a redução da incerteza com a nova estratégia de preços não elimina o risco para a companhia, o que ainda pode refletir negativamente nos ativos.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,705%, ante 11,672% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,195%, ante 11,122% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,24%, ante 11,156%.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava 19% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de junho e 81% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta no fim da tarde.

Às 16:48 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 3,20 pontos-base, a 3,5395%.

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