Economia

Taxas dos contratos futuros de juros sobem com Caged e receios com arcabouço fiscal

29 mar 2023, 17:18 - atualizado em 29 mar 2023, 17:19
Arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se reunir ainda nesta quarta-feira com o presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira, na residência oficial do parlamentar, justamente para discutir detalhes do arcabouço (Imagem: Washington Costa/MF)

Após terem se mantido acomodadas até o início da tarde, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam o dia em alta firme no Brasil, em meio a receios dos investidores quanto aos detalhes do novo arcabouço fiscal e com a geração de empregos formais em fevereiro bem acima do esperado, reforçando preocupações com a inflação.

À tarde, o Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelou a geração de 241.785 novos postos formais de trabalho em fevereiro, bem acima dos 161.000 empregos esperados por economistas, conforme pesquisa Reuters.

O aumento no número de vagas, ainda que positivo para a economia, foi interpretado pelo mercado como um sinal de que a inflação pode se manter acelerada no Brasil, a despeito da Selic (a taxa básica de juros) já estar em níveis mais elevados.

Além disso, durante a tarde começaram a circular pelas mesas supostos detalhes da versão final do novo arcabouço fiscal. Investidores se mostraram preocupados, em especial, com a possibilidade de o arcabouço não trazer “mecanismos robustos de contenção de gastos”, conforme o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

“Os investidores estão mais cautelosos em relação ao conteúdo da proposta, já que ela também vai passar pelo crivo político. A visão é de que há chance de haver desidratação ou afrouxamento de mecanismos de aperto de gastos”, acrescentou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se reunir ainda nesta quarta-feira com o presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL), na residência oficial do parlamentar, justamente para discutir detalhes do arcabouço.

Além dos receios em torno da proposta e do Caged, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) refletiam a notícia de que o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) publicou um convênio, acertado em reunião na véspera, que decidiu pela cobrança uma única vez de ICMS nas operações com gasolina e etanol anidro combustível, no valor de 1,45 real por litro.

A fixação de uma alíquota única para esses combustíveis estava prevista como parte de acordo fechado entre Estados, Distrito Federal e União, homologado no fim do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em busca de dar fim a um impasse acerca do tributo.

Para alguns economistas, essa cobrança pode gerar um impacto de até 0,50 ponto porcentual para a inflação em 2023, o que ajudou a sustentar as taxas futuras de juros.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,46%, ante 13,437% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,225%, ante 13,155% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 12,16%, ante 12,009%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 12,29%, ante 12,17% do ajuste anterior.

No exterior, o dia foi de calmaria para os negócios, com investidores em busca de ativos de maior risco em meio à percepção de que a crise bancária nos EUA e na Europa foi amenizada.

Às 16:59 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– operava estável, a 3,5677%.

reuters@moneytimes.com.br