Taxas dos contratos de DI sobem em dia de correção após estresse global com bancos
Após o recuo da sessão anterior, quando os investidores subiram as apostas de que o Banco Central pode ser levado a cortar a Selic (a taxa básica da economia) na próxima semana, em função da crise bancária global, as taxas dos contratos futuros de juros voltaram a avançar nesta quinta-feira, em um movimento de correção.
Cresceu no mercado global o sentimento de que instituições e países envolvidos terão condições de evitar o espalhamento da crise bancária, que já atingiu dois bancos norte-americanos e um suíço.
Nesta quinta-feira, uma ajuda do banco central suíço para o Credit Suisse abriu espaço para o retorno da busca de ativos mais arriscados, já na abertura dos negócios.
À tarde, surgiu a notícia de que grandes bancos norte-americanos estavam negociando a injeção de capital no First Republic Bank, instituição financeira que vinha sendo monitorada com atenção pelo governo dos EUA. Reguladores dos EUA, incluindo o Departamento do Tesouro, confirmaram que o montante do aporte será de 30 bilhões de dólares.
O First Republic vinha sendo citado como o próximo da lista de instituições problemáticas nos EUA, após o governo ter sido levado a intervir no Silicon Valley Bank (SVB) e no Signature Bank.
Em reação à notícia de injeção de liquidez no First Republic, houve mais um impulso para a busca de ativos de maior risco ao redor do mundo, no período da tarde.
No Brasil, após os recuos em sessões anteriores, as taxas dos contratos futuros de juros avançaram.
“Estamos tendo uma volta, após a piora desde a semana passada”, pontuou Felipe Novaes, chefe da mesa de operações do C6 Bank. “A bolsa lá fora sobe bem e as taxas de juros, que no risk-off (fuga do risco) fecharam bastante, agora estão abrindo bem”, disse.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2024 estava em 13,035%, ante 12,966% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 12,18%, ante 12,072%. A taxa para janeiro de 2027 estava em 12,59%, ante 12,528% do ajuste anterior.
No Brasil, segue a expectativa em torno da apresentação oficial do novo arcabouço fiscal, esperada para a próxima semana. Profissionais do mercado afirmam, no entanto, que as informações que têm saído na imprensa garantem certo otimismo.
Na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o anúncio do arcabouço deve ser feito antes de sua viagem à China. Lula embarca no dia 24 de março.
Até lá, caberá ao próprio presidente decidir se o arcabouço será lançado antes da decisão de política monetária do Banco Centra, marcada para o dia 22, quarta-feira.
Seja como for, perto do fechamento desta quinta, a curva de juros precificava 7% de chances de a Selic ser cortada em 0,25 ponto porcentual, para 13,50% ao ano, no encontro do BC da semana que vem. Na véspera, este percentual era de 10%. Na prática, os negócios com DI refletiram nesta quinta chances menores de que o BC corte a Selic já este mês. Na curva, havia ainda 93% de chances de a Selic seguir em 13,75% ao ano.
Às 16:50 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 8,30 pontos-base, a 3,577%.