Taxas de juros mais longas têm leve alta com incerteza sobre teto da dívida dos EUA
As taxas dos contratos futuros de juros fecharam em leve alta na maior parte da curva nesta sexta-feira, em sessão de maior volatilidade que participantes do mercado relacionaram a vaivém dos rendimentos nos Estados Unidos em meio a novo impasse nas negociações para elevar o teto da dívida do governo.
Tirando a taxa do DI para janeiro de 2024, que estava em 13,305% nesta tarde, leve queda frente a 13,328% do ajuste anterior, todas as taxas para janeiro na curva até 2029 registraram leve alta.
A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,70%, alta de 0,5 ponto-base. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,235%, ganho de 2,5 pontos-base, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,33%, 5,4 pontos mais alta.
Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, disse que a leve queda dos juros de prazo mais curto refletiu algum alívio após comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, que sugeriu que o juro básico norte-americano talvez não precise avançar tanto quanto se pensava por conta da contração da oferta de crédito.
As taxas de prazo mais longo no Brasil e nos Estados Unidos, no entanto, “estão andando junto com a incerteza envolvendo o teto da dívida americana, diante de negociações que parecem que voltaram a encontrar novos impasses”, disse Beyruti.
O presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Kevin McCarthy, disse nesta sexta-feira que as conversas entre os republicanos e o governo do presidente democrata Joe Biden sobre o aumento do teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo norte-americano foram interrompidas.
“Fica mesmo esse cenário de incerteza e aí os vértices mais longos, e as taxas de forma geral, tirando as de curto prazo, acabam ficando meio de lado”, completou Beyruti.
Por volta de 16h33, o rendimento dos Treasuries de dez anos era negociado em alta, a 3,6994%, ante 3,648% no pregão anterior.
Na cena doméstica, que acabou ficando em segundo plano nesta sessão, investidores reagiram a uma contração menor do que o esperado no IBC-Br de março, enquanto continuaram monitorando a tramitação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados e acompanharam falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento do Banco Central.
Haddad afirmou nesta sexta-feira, em evento com a presença do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que discutir a política monetária brasileira não significa afrontar a autoridade monetária.
O ministro voltou a defender o início de um ciclo de cortes de juros e a necessidade de mudança no regime de metas para a inflação, de tal forma que a busca do objetivo não esteja limitada ao ano-calendário.