Taxação de grandes fortunas: Bill Gates e outros ricaços que defendem a ideia
Não são somente políticos como Ciro Gomes (PDT) e o americano Bernie Sanders que defendem a taxação de grandes fortunas.
Até mesmo os próprios bilionários já falaram sobre o tema — alguns, inclusive, acham que a movimentação é uma boa ideia para solucionar alguns problemas de desigualdade social nos países.
O defensor mais fervoroso que tem bilhões na conta talvez seja Bill Gates, fundador da Microsoft (MSFT34) e quarto homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada de US$ 129 bilhões, segundo a Bloomberg.
Gates, no começo de 2020, postou em seu blog, o GatesNotes, que “se você tem mais dinheiro, você deveria pagar uma porcentagem maior de impostos”. Segundo ele, “os ricos devem pagar mais do que pagam atualmente”. E isso o inclui na lista.
“A desigualdade está crescendo. A distância entre as menores e maiores riquezas nos EUA é muito maior do que era 50 anos atrás. Poucas pessoas acabam com muito dinheiro — eu fui desproporcionadamente compensado pelo trabalho que fiz — enquanto muitos que trabalham tão duro quanto eu e enfrentam dificuldades para se manter”, afirmou ele à época.
Além de Gates, no começo deste ano, 100 bilionários e milionários publicaram uma carta aberta solicitando o aumento de seus impostos. Chamado de “In Tax We Trust” (“Confiamos nos impostos), o projeto foi divulgado na mesma semana do Fórum Econômico Mundial virtual em Davos, na Suíça.
“Como milionários, sabemos que o atual sistema tributário não é justo. A maioria de nós pode dizer que, embora o mundo tenha passado por uma imensa quantidade de sofrimento nos últimos dois anos, na verdade vimos nossa riqueza aumentar durante a pandemia — mas poucos, se algum de nós, pode dizer honestamente que pagamos nossa parte justa em impostos”, diz um trecho da carta, assinada por Abigail Disney, neta do cofundador da The Walt Disney, Nick Hanauer, um dos primeiros investidores da Amazon, entre outros.
“Essa injustiça incrustada na fundação do sistema tributário internacional criou uma colossal falta de confiança entre as pessoas do mundo e as elites que são os arquitetos desse sistema”, continua a carta.
O documento foi divulgado em meio à pandemia da Covid-19, que, segundo pesquisas, fez com que a renda média dos 40% mais pobres do mundo cair 6,7% em comparação às projeções pré-pandemia. Enquanto isso, os mais ricos ficaram cada vez mais ricos — a exemplo de Elon Musk que, até janeiro deste ano, havia aumentado sua riqueza em 1.000%.
O megainvestidor Warren Buffett também é um defensor da taxação de grandes riquezas como uma forma de “combater a desigualdade financeira” e de “financiar iniciativas de saúde e educação”.
Em entrevista a CNBC em 2019, Buffett afirmou que “os mais ricos definitivamente pagam menos impostos quando comparados a população geral” e sugeriu que o Congresso expandisse os créditos de imposto de renda para americanos de baixa renda, aumentando os impostos sobre os que ganham mais no processo.
Howard Schultz, fundador da famosa rede de cafés Starbucks, também é a favor de pagar mais impostos, bem como Ray Dalio, George Soros e Marc Benioff, da Salesforce.
Nem em Marte: Quem é contra pagar mais impostos
Elon Musk, da Tesla e da SpaceX, já falou publica e abertamente sobre o fato de ser contra à ideia de ter que pagar mais impostos, apesar de ser o homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 234 bilhões.
Em resposta à um projeto de lei dos Democratas que previa a taxação dos bilionários americanos, Musk postou em seu perfil no Twitter que “eventualmente, eles [o governo] ficam sem dinheiro de outras pessoas e então eles vêm atrás de você”.
Em outro tuite, Musk afirmou que “qualquer realocação de riqueza induzida pelo governo seria melhor gerenciada pelo setor privado”.
Exactly. Eventually, they run out of other people’s money and then they come for you.
— Elon Musk (@elonmusk) October 26, 2021
Segundo uma análise feita para o The Washington Post pelo economista Gabriel Zucman, Musk poderia pagar até US$ 50 bilhões em impostos nos primeiros cinco anos da implementação da lei.