Taxa Selic mexe no Bitcoin (BTC)? Andrey Nousi, ex-JPMorgan, desvenda criptomoedas
Principal criptomoeda do mundo, o bitcoin (BTC) atingiu o valor recorde de US$ 69 mil em novembro do ano passado. Mas, o jogo virou em 2022. E será que o ciclo de alta da taxa Selic tem haver com isso?
Desde a marca histórica, o ativo acumula perdas superiores a 50% — atualmente, a cotação gira em torno de US$ 30 mil. A queda drástica assustou muitos investidores.
Ainda que o mercado de criptomoedas seja marcado por forte oscilação, o especialista Andrey Nousi, que durante muitos anos foi vice-presidente no JPMorgan (JPMC34) na Suíça, aponta que a recente desvalorização do bitcoin é o estopim de uma nova era para ativos deste tipo.
“Como ponto de partida, é importante entender que, assim como outros ativos financeiros, o bitcoin e as demais criptomoedas são afetadas por condições macroeconômicas”, destaca Nousi, que já geriu fortunas de bilhões de dólares no banco norte-americano.
Bitcoin X Inflação
Acontece que, em razão da pressão inflacionária mundial, diversos bancos centrais estão elevando as taxas de juros para conter a alta dos preços.
Aqui no Brasil, por exemplo, a taxa Selic saiu da mínima histórica de 2% ao ano para o patamar atual de 12,75% ao ano. E há quem diga que o ciclo de alta termine em 14% ao ano.
O Federal Reserve (Fed), a autoridade monetária dos Estados Unidos, por exemplo, elevou os juros para o intervalo entre 0,75% e 1% ao ano recentemente – e a perspectiva é de que as taxas continuem subindo, uma vez que a inflação acumulada em 12 meses supera 8% na economia norte-americana.
“Uma consequência dos juros mais altos é a valorização dos títulos públicos. Com isso, muitos investidores deixam ativos de maior risco, como as criptomoedas, e investem em papéis considerados mais seguros”, explica o especialista, também CEO da Nousi Finance.
Nova era para criptomoedas
Criado em 2009, o bitcoin se desenvolveu na década passada, em um contexto de taxas de juros baixas. A perspectiva para os próximos anos, contudo, é de que os juros permanecem em patamares mais elevados.
“Acabou a época de ganhar dinheiro fácil com criptomoedas”, sintetiza Nousi. “Em 2021, qualquer planejamento envolvendo cripto trazia retornos atrativos facilmente. Já não é mais assim”, acrescenta.
De acordo com o especialista, que também é licenciado pelo CFA, a mais seleta certificação de finanças do mundo, o novo cenário exige que o investidor tenha mais conhecimento sobre o mercado. Desse modo, recomenda que os entusiastas busquem se especializar no segmento.
“O bitcoin está sendo regulado no Brasil, assim como em outros países. Isso também afeta o mercado e, consequentemente, a cotação do ativo”, pontua.
De todo modo, Nousi indica que a desvalorização da criptomoeda também traz oportunidades.
“A baixa é um bom momento para entrar no mercado, sobretudo no que mais deu rentabilidade nos últimos anos”, sugere.
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