Taxa de juros alta atinge diretamente os pequenos negócios; entenda
Mais dificuldades no acesso a crédito, menos consumo e dinheiro circulando na economia e redução de empregos. Esses são alguns dos reflexos de como a taxa básica de juros, a Selic, fixada pelo Banco Central em 13,75% ao ano, pode afetar diretamente as micro e pequenas empresas.
Essa percepção já é captada por quem está na ponta. Há 31 anos no mercado, Renato e Lucas Gibertoni são donos da AIDU, indústria de alimentos localizada em São Paulo (SP). Atualmente, a maior parte da receita vem da fabricação para grandes empresas, sobretudo com produtos alimentícios em aerosol. Sobra demanda, mas falta crédito.
- Petrobras (PETR4) fecha em queda de 2,36%: Por que o mercado não gostou da gasolina mais barata? É hora de vender? Clique aqui e assista ao Giro do Mercado de sexta (16) e saiba o que você deve fazer com a ação. Inscreva-se aqui e não perca.
“A Selic nos afeta bastante no crédito para expansão. Precisamos crescer, mas os juros cobrados pelos bancos estão muito altos”, avalia o empresário Lucas Gibertoni. “Crédito para capital de giro nem se fala, está insustentável. No início do ano, não tivemos muita saída de produtos, alguns boletos atrasaram, então pegamos empréstimo mesmo assim. E isso acabou atrasando alguns planos que tínhamos para a AIDU. Temos que ser muito guerreiros para sobrevivermos a um sistema tão adverso”, completa o empreendedor.
A visão de Lucas sobre a taxa de juros também pode ser percebida pelo Índice de Confiança das Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE) de abril, que apresentou um ligeiro recuo de 0,8 ponto, caindo de 88,5 para 87,7 pontos, de acordo com a Sondagem Econômica da MPE, realizada mensalmente pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae, Giovanni Beviláqua, explica que a Selic é uma taxa básica (mínima) e que para os pequenos negócios, a taxa média está em 35% ao ano: “Esses valores praticados são um impeditivo para o empreendedor acessar o crédito”.
“ Com a taxa de juros da Selic alta, há um desestímulo das instituições financeiras e dos tomadores de financiamento. É sempre uma tomada de decisão que deve ser feita com muita cautela”, contextualiza.
Beviláqua sugere que os empreendedores procurem orientações para a tomada de decisão. Além disso, é importante estar atento à gestão financeira da empresa, à organização dos processos e ao controle de estoques, que pode ajudar a ter um fluxo de caixa saudável e ter subsídios sobre a requisição de empréstimos. “Todo crédito tomado hoje se torna uma dívida que será paga ao longo do tempo. Por isso, deve ser muito bem planejado”, explicou.