Taxa de hashes do Bitcoin cai mais de 10%; mineradores chineses migram para usinas termoelétricas
A taxa média de hashes — ou processamento computacional — da rede Bitcoin caiu mais de 10% desde o início deste mês — em grande parte, graças à mudança de estações.
O poder computacional total médio em relação à mineração de bitcoin era de 142 exahashes por segundo (EH/s) nas duas primeiras semanas de outubro, segundo dados do pool BTC.com.
Desde o dia 18 de outubro, a média móvel de sete dias da taxa de hashes do bitcoin caiu 11%, atualmente em 126 EH/s. Enquanto isso, o preço do bitcoin chegou a US$ 13 mil nesse mesmo período.
Um grande motivo para a queda recente no poder computacional é a mudança de estações na China, lar para mais de 70% dos operadores de máquinas de mineração da rede.
“A temporada chuvosa [do verão] terminou e agora começa uma temporada com um volume estável de água que irá durar um mês”, disse Kevin Pan, cofundador do PoolIn, em uma publicação na plataforma Weibo nessa segunda-feira (26).
“Uma grande migração começou, conforme mineradores buscam por usinas de energia termoelétrica antes da chegada da temporada de seca.”
O poder computacional ligado a grandes pools chineses de mineração de bitcoin, incluindo PoolIn, BTC.com e AntPool, caiu cerca de 20% nas últimas 24 horas desde domingo, acrescentou Pan.
Geralmente, o verão chuvoso da China dura entre junho e outubro, fornecendo fontes excedentes para usinas hidrelétricas, principalmente nas províncias sudoestes de Sichuan, Yunnan e Guizhou.
Essa energia em excesso resulta em menores custos de eletricidade durante o verão, atrativas para operadores de máquinas de mineração de bitcoin.
Conforme a temporada de secas se aproxima, operadores de fazendas de mineração dessas regiões terão de enfrentar custos mais altos de eletricidade e fornecimento de energia mais instável em comparação à temporada de chuvas.
Assim, muitos operadores de mineração já desligaram seus equipamentos de estações hidrelétricas e os transferiram para usinas termoelétricas, com combustíveis fósseis, que estão espalhadas pelo nordeste da China, incluindo Xinjiang e Mongólia Interior.
Dados da PoolIn estimam que, como resultado da recente queda na taxa de hashes, o próximo ajuste de dificuldade do Bitcoin, que acontecerá em cinco dias, terá uma queda de 10%.
A dificuldade de mineração do bitcoin é um indicador de competição entre mineradores de bitcoin. Serve como referência para o nível de dificuldade de mineração de um bloco e é ajustada aproximadamente a cada duas semanas.
Embora o processo de migração demore um mês, este ano, a situação relacionada à pandemia da COVID-19 pode tornar essa estimativa menos previsível.
Por exemplo, no último final de semana, houve um novo surto de coronavírus na cidade de Kashgar, na província de Xinjiang no final de semana, resultando em novos confinamentos, que podem afetar os serviços de logística que estão transferindo equipamentos para a área.
“O novo surto [de COVID-19] em Kashgar aconteceu bem durante o período de transição ‘hidro para fóssil’. Diversos mineradores ainda estão a caminho”, explicou Mao Shixing, cofundador do f2pool.com, na plataforma Weibo.