Taxa de Câmbio: Contra fatos não há argumentos
Por Fernanda Consorte, Estrategista de Câmbio do Banco Ourinvest
CAUSA: Ao que parece, o mercado comprou o cenário de melhor articulação entre governo e Congresso. Quem sou eu para negar? Mas olhem, a aprovação- relâmpago do senado da MP 871, que busca coibir fraudes nos benefícios do INSS, foi bastante positiva, pois além de reforçar a ideia exposta na semana anterior de uma melhor articulação política, também é o primeiro passo da reforma da Previdência. E notem, foram 55 votos favoráveis e 12 contrários à proposição. Contra fatos não há argumentos.
Além disso, chamo a atenção para os recentes comentários do presidente do BC, Roberto Campos, que sugerem que a atividade econômica está respondendo mais à política fiscal do que a monetária (com o que eu concordo, considerando que acredito que a frustração nos números do crescimento deve-se à baixa confiança dos agentes, que, por sua vez, tem respondido aos atos do governo). Assim, há uma chance de que quem espera adicionais quedas na taxa Selic, mude de ideia.
CONSEQUÊNCIA: Ambas notícias reforçam um cenário de valorização do real. Primeiro porque, como tenho inúmeras vezes falado, aceleração do processo de reforma da Previdência deve aumentar a confiança dos agentes, impulsionando a economia. Segundo, um cenário de não cortes de juros também pode ajudar a atrair capital num Brasil melhor.
Nota da Autora
Talvez existam pessoas que tenham o heroísmo (ou a cara de pau?) de fazer projeções com forte grau de convicção para a taxa de câmbio brasileira. Eu, economista de formação, com mais de 10 anos andando nesse mercado de inconstâncias, prefiro dizer que sou capaz de dar opiniões, quiçá direções para essa variável. Humildade posta, eventualmente tomarei a frente para dar opiniões sobre fatos que podem gerar consequências no mercado, tentando desvendar quem vem primeiro: o ovo ou a galinha.