Economia

Taxa de 25% sobre aço e alumínio assusta, mas Brasil não deve sair perdendo na guerra comercial de Trump

10 fev 2025, 9:47 - atualizado em 10 fev 2025, 9:47
Fábrica de alumínio em Pindamonhangaba, SP aço eua brasil
Dados do governo dos EUA mostram que o Brasil é o segundo maior fornecedor de aço, em volume, para o mercado norte-americano. (REUTERS/ Paulo Whitaker)

Nesta segunda-feira (10), o presidente dos Estados UnidosDonald Trump, deve anunciar novas tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. Em torno de 25% do aço usado nos EUA é importado.

O Brasil é um dos países que mais deve ser afetado por essa medida. Dados do governo americano mostram que, entre novembro de 2023 e novembro de 2024, o Brasil é o segundo maior fornecedor de aço, em volume, para o mercado norte-americano, comercializando 3,98 milhões de toneladas (16,3% do consumido no país). O produto brasileiro só fica atrás do Canadá, que fornece 22,6% do aço importado (5,48 milhões).

Considerando os valores, o Brasil assume o terceiro lugar, com US$ 2,91 bilhões das importações, atrás do Canadá (US$ 6,64 bilhões) e México (US$ 3,20 bilhões).

No caso do alumínio, o maior comprador do Brasil é o Japão, sendo que os EUA ficam em segundo lugar. O Canadá também é o maior fornecedor dos norte-americanos neste caso.

Vale lembrar que em 2018, durante o seu primeiro mandato, Trump chegou a impor tarifas de 25% sobre importação de aço e 10% sobre as de alumínio, mas acabou revogando a decisão dois anos depois.

O governo brasileiro ainda não se pronunciou sobre a possível taxação, mas, segundo informações da Folha de S. Paulo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior está elaborando um estudo dos setores mais afetados pela guerra comercial dos EUA.

Apesar disso, os analistas do Santander destacam que a tarifa sobre o aço não deve impactar tanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, uma vez que os principais itens que o país exporta para os EUA são petróleo, produtos semi acabados, lingotes, café, ferro-gusa e ferro-liga.

Rafael Passos, analista da Ajax Capital, também reforça que essas exportações totalizam apenas 0,3% do PIB do Brasil. Ou seja, o impacto macroeconômico dessas tarifas tende a ser limitado, afetando mais o setor de siderurgia.

Ele também destaca que será necessário entender qual a disposição de Trump em negociar com os seus parceiros comerciais, que deverá determinar a duração e impacto das medidas.

Entenda a relação comercial entre Brasil e EUA

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos totalizaram US$ 40,3 bilhões, correspondendo a 12% do total das vendas externas do país. Já as importações de produtos americanos pelo Brasil atingiram US$ 40,6 bilhões, representando 15,5% do total importado.

As exportações brasileiras se concentram em produtos relacionados a commodities, sendo os principais óleos de petróleo bruto e refinado, no valor de US$ 7,6 bilhões; e produtos de ferro e aço, incluindo ferroligas, ferro-gusa, lingotes e outras formas primárias, somando US$ 5,9 bilhões. Juntos, eles representam 34% do total exportado para os EUA.

Já do lado das importações, os equipamentos de geração de energia (principalmente motores e máquinas não elétricos) são a principal categoria, totalizando US$ 7,1 bilhões e representando 18% do total importado.

Além disso, os Estados Unidos continuam sendo uma das principais fontes de Investimento Direto no País (IDP), com um fluxo líquido estimado de US$ 7,1 bilhões em 2024, o que corresponde a 26% do total líquido recebido nessa categoria.

Atualmente, o Brasil já enfrenta tarifas impostas pelos EUA desde 2022. O governo americano aplica uma alíquota média de 8,6% sobre produtos agrícolas brasileiros e uma tarifa reduzida de 1,1% sobre bens não agrícolas. No entanto, cerca de 66% dos bens e 62% do valor total das exportações brasileiras para os Estados Unidos entram no mercado americano sem a incidência de tarifas.

*Com informações da Reuters

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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