Varejo

‘Taxa das blusinhas’ chega no México e deve beneficiar Mercado Livre e Amazon

07 jan 2025, 17:01 - atualizado em 07 jan 2025, 17:02
taxação das blusinhas
(Imagem: Proxima Studio/Canva Pro)

Um assunto que causou grande alvoroço no varejo brasileiro bateu na porta do México: a conhecida “taxa das blusinhas“. A partir deste ano, o país introduziu uma alíquota de 19% sobre produtos importados via remessas de países sem acordos comerciais, incluindo a China — independente do valor da compra.

As importações dos Estados Unidos e Canadá — que operam sob o acordo comercial USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá) — mantêm uma isenção para compras de até US$ 50, com uma taxa reduzida de 17% sobre itens entre US$ 50 e US$ 117.

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Aqui no Brasil, desde agosto de 2024 vigora tributação sobre as compras de até US$ 50 em sites e e-commerce internacionais.

Em junho, o governo brasileiro aprovou a cobrança de um imposto de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50 — até então, os produtos pagavam apenas o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), com alíquotas que variam entre 17% e 19%, enquanto eram isentos do Imposto de Importação.

Analistas do Itaú BBA ponderam que a medida mexicana chega em um momento de tensão elevada com os Estados Unidos, em meio a alegações de que o México serve como porta de entrada para exportações chinesas.

Ainda que se trate de uma discussão diferente (focada no segmento B2B, ou seja, de empresa para empresa), ela também segue o recente anúncio de tarifas de até 15% (importações de matéria-prima têxtil) e 35% (produtos acabados) visando proteger a indústria mexicana, recorda o BBA.

Para os analistas, o movimento no México deve beneficiar tanto a Amazon (AMZO) quanto o Mercado Livre (MELI), podendo criar um obstáculo à competitividade de preços para os participantes asiáticos, afetando nomes como Shein e Temu, que anteriormente se beneficiavam de isenções sobre importações abaixo de US$ 50 no México.

Amazon é quem mais tem a ganhar com a taxa das blusinhas no México

Para o Mercado Livre, os analistas do Itaú BBA estimam que as operações transfronteiriças representam apenas 15% do seu GMV (volume bruto de mercadorias) no México, com a maioria vindas da China.

Apesar da expectativa de que a nova tributação tenha um impacto negativo neste segmento, o efeito geral deve ser positivo, uma vez que reduz a competitividade reduzida com nomes asiáticos, criando oportunidades naturais para ganhos de participação de mercado.

Além disso, para melhorar ainda a proposta transfronteiriça, o Mercado Livre abriu um centro de distribuição no Texas, permitindo que vendedores dos EUA alcancem compradores mexicanos.

No entanto, para o BBA, a Amazon é quem mais tem a ganhar com essa mudança. Aproximadamente 30% do GMV da companhia no México vem de operações transfronteiriças. Porém, a maioria da parcela está nos Estados Unidos, que segue com a isenção de até US$ 50.

Além disso, essa isenção de impostos para produtos dos EUA abaixo de US$ 50 (o foco da Amazon Haul) pode desencadear um movimento semelhante no México.

“A leitura negativa para a Amazon aqui seria o aumento de impostos de 0% para 17% sobre a parte do GMV transfronteiriço exposta a produtos que variam de US$ 50 a US$ 117”, diz o BBA.

“De qualquer forma, esperamos que tanto o Mercado Livre quanto a Amazon continuem ganhando domínio no comércio eletrônico mexicano”.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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