Taxa da rede Bitcoin se recupera, mas ainda há um longo caminho pela frente
A média móvel de sete dias da taxa de hashes — poder computacional usado para transmitir novos blocos — da rede Bitcoin se recuperou. Está entre a alta recorde e as baixas recentes.
O painel de dados do The Block mostra que a taxa de hashes média do Bitcoin atingiu 135 exahashes por segundo (EH/s) ontem (9).
É um aumento de 50% de sua queda para 90 EH/s no início de julho, mas ainda está abaixo do recorde de 180 EH/s antes da repressão à mineração de criptomoedas na China.
Considerando a atual taxa de recuperação, parece que mineradores chineses já completaram metade de sua emigração e a taxa da hashes do Bitcoin pode ultrapassar sua alta recorde até o fim do ano.
Porém, a realidade é bem mais complicada. Mineradores norte-americanos, que haviam comprado equipamentos para a mineração cripto em 2020, estão finalmente recebendo suas máquinas em lotes mensais.
O número desses novos equipamentos, distintos das máquinas que estão saindo da China, está aumentando a taxa de hashes desses mineradores.
Com base na análise do The Block sobre os pedidos de venda divulgados este ano, as empresas Bitmain, MicroBT e Canaan, juntas, esperam entregar cerca de 25 mil unidades de seu equipamento de última geração a cada mês, em média, para grandes instituições norte-americanas que mineram bitcoin.
Desde julho, mineradores estão capitalizando com a baixa dificuldade de mineração — que calcula quanto poder computacional é necessário para garantir a segurança da rede blockchain.
Porém, essas milhares de máquinas não incluem a entrega mensal para acordos de aquisição que não foram publicamente divulgados.
Como consequência, embora a taxa de hashes esteja na metade de sua recuperação, passará por ainda mais crescimento quando mineradores chineses tiverem completado sua emigração.
Viagem mais lenta do que o previsto
Em relação aos mineradores chineses que decidiram emigrar em vez de vender seus equipamentos, ainda podem percorrer um longo caminho, pois só podem ligar as máquinas quando encontrarem um local que as hospede.
Dave Perrill, CEO da fazenda americana de mineração Compute North, contou ao The Block que, apesar de ter havido uma grande procura de mineradores chineses por locais de hospedagem, ele acredita que “grande parte dos mineradores agora está entendendo algumas das limitações de religar máquinas e o cronograma [para realizar essa tarefa]”:
A Compute North está no aguardo da migração [dos equipamentos] de diversos clientes chineses, mas já havíamos esgotado os pedidos no terceiro e quarto trimestres [de 2020].
Então, para esses clientes, a migração [de suas máquinas] só acontecerá no próximo ano. Estamos analisando implementações que variam entre 30 megawatts a 150 megawatts.
Essa tendência se dá, em parte, por conta da febre de infraestruturas para a mineração de bitcoin na América do Norte.
De início, havia capacidade de hospedagem de máquinas na Rússia e em países da Ásia Central após a China anunciar que a proibição seria implementada em maio, mas antes de aplicá-la em junho.
Tudo aconteceu rapidamente e mineradores chineses tiveram de migrar o mais rápido possível. Porém, mesmo para eles, não existe uma capacidade de energia suficiente que absorva todas as demandas.
A BIT Mining (BTCM), sediada na província chinesa de Shenzhen, por exemplo, conseguiu migrar menos de 10 mil equipamentos de mineração ao Cazaquistão nos últimos dois meses.
No entanto, todas as suas unidades totalizavam 50 mil máquinas localizadas na China em abril, de acordo com documentos. De acordo com Perrill:
Sem dúvidas, muitas dessas máquinas agora precisam de novos lares e até mesmo locações temporárias. Também esperamos que grande parte da recuperação da taxa de hashes aconteça quando novas máquinas, que já foram adquiridas, estiverem on-line.
A expectativa é que a taxa de hashes continue subindo de forma estável ao longo do ano, ultrapassando a alta recorde do início à metade de 2022.