Mercados

Tarifaço de Trump: ‘Não sabemos onde isso vai acabar’, diz vice-presidente do Bradesco (BBDC4)

09 abr 2025, 11:44 - atualizado em 09 abr 2025, 13:00
Bruno Boetger
"Estamos no olho do furacão. Os tarifaços acabaram de ser implementados. Estamos ainda digerindo. Não sabemos onde isso vai acabar", disse vice-presidente do Bradesco, Bruno Boetger (Imagem: Youtube/Bolsa de Nova York)

O tarifaço do presidente Donald Trump, que preocupa o mercado e ameaça jogar o mundo em uma recessão, carrega alto de grau de incerteza, afirma o vice-presidente do Bradesco (BBDC4), Bruno Boetger, em conversa com jornalistas realizado em São Paulo.

Nesta quarta, os investidores voltam a repercutir a escalada da tensão. A China anunciou que irá taxar os Estados Unidos em até 84%, após a Casa Branca elevar as tarifas para 104%. Já a União Europeia também irá revidar o país americano com taxas na ordem de 25%.

“Estamos no olho do furacão. Os tarifaços acabaram de ser implementados. Estamos ainda digerindo. Não sabemos onde isso vai acabar”, disse.

Em sua visão, a taxa pegou todo mundo de surpresa, enquanto a guerra comercial escalou mais rápido do que o esperado. Agora, empresas e agentes econômicos tentam entender o impacto do tarifaço, como isso impacta taxa de juros, e, mais importante, quem são os vencedores e perdedores dessa história.

Porém, o executivo diz que em algum momento chineses e americanos terão que sentar a mesa para negociar uma saída.

“Teremos um acordo mais razoável. Terá que haver uma convergência. Ninguém sobrevive com taxa de 100%”.

Impactos para o Brasil

Apesar da incerteza, o Brasil até pode se dar bem. Por ser um dos menos taxados e estar fora da linha de fogo, Boetger diz que o país tem espaço para ampliar suas exportações para a China, por exemplo.

“Nós somos um grande fornecedor de proteína, de soja para a China. Os Estados Unidos também, mas com essa guerra tarifária, se ela se agravar ainda mais, dependendo de quanto tempo ela durar, eu consigo ver a China substituindo algumas das importações dos Estados Unidos pelo Brasil”, afirma.

O executivo diz também que a bolsa brasileira está mais barata que a americana, o que poderia ser um chamariz ou um porto seguro para o investidor estrangeiro.

“Achamos que é uma oportunidade para, em algum momento, o estrangeiro voltar para a bolsa brasileira”.

Boetger diz ainda que hoje o gringo já está overweight (esperado que ela supere a média do mercado) no Brasil.

“Podemos ver busca por ativos mais baratos e, entendo, um menor crescimento nos Estados Unidos, e, com isso, uma busca de outras opções de investimento. O Brasil seria uma opção boa”.

Um gatilho importante em sua visão seria uma queda ou estabilização das taxas de juros, o que o Bradesco acredita que ocorra no segundo semestre desse ano. Atualmente, a Selic está em 14,25%. É projetado mais um aumento, mas de magnitude menor que 1 ponto percentual.

“Isso poderia servir como um gatilho para que os investimentos em ações locais voltassem a ganhar força, já que, como se sabe, temos observado uma migração dos recursos de ações (equities) para a renda fixa.”

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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