Internacional

Tarifaço de Trump: Brasil tem ‘cascas de bananas’ que podem interferir negociações com EUA, diz diretor do Eurasia Group

17 fev 2025, 12:00 - atualizado em 17 fev 2025, 15:27
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(Imagens: REUTERS/Brian Snyder e Agência Brasil/Rafa Neddermeyer)

O Brasil tem “várias cascas de bananas” em relações bilaterais que podem interferir na negociação das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, afirmou o diretor executivo para as Américas do Eurasia Group, Christopher Garman.

Garman disse nesta segunda-feira (17), no evento Plano de Voo, da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), que a relação política entre os governos brasileiro e norte-americano é “bem mais difícil” do que anteriormente.

“Acredito que o caminho do Brasil para negociar possíveis ressalvas à imposição de tarifa de 25% sobre aço e alumínio com a Casa Blanca vai ser mais difícil do que no primeiro mandato do Trump”, afirmou.

Há uma preocupação com a convicção de Trump de que as taxas são instrumentos para trazer empregos para os EUA e com a disposição em impor um custo econômico e preços mais elevados para os consumidores do país.

Apesar disso, o diretor do Eufrasia acredita que há espaço para negociação. No entanto, a principal questão que surge é se o Brasil estará disposto a reduzir suas tarifas para se equiparar às condições comerciais impostas pelos EUA.

Garman está pessimista em relação ao “tarifaço” de Trump e crê que o setor privado possa estar subestimando os desafios relacionados ao volume.

Apesar disso, ele pontua que nem todas as tarifas indicadas devem se materializar, uma vez que algumas propostas apresentam limitações. “É muito difícil colocar uma tarifa de 25% sobre todas as importações do Canadá e do México”, afirmou.

Brasil x EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na sexta-feira (14), que haverá uma reação de reciprocidade do governo brasileiro, caso os EUA adotem medidas contra o país em relação às importações de aço e alumínio.

No início da semana, Trump anunciou as novas tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. A medida vai afetar diretamente as siderúrgicas brasileiras, uma vez que o Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para o mercado norte-americano, ficando atrás apenas do Canadá.

“Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente, ou vamos denunciar na Organização do Comércio [OMC], ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, disse em entrevista à Rádio Clube do Pará. “Se o Trump tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade”, completou.

Vale lembrar que Trump também anunciou a imposição de tarifas de reciprocidade — ou seja, os EUA irão sobretaxar a todos os países com as mesmas alíquotas cobradas nas exportações americanas. Embora não tenha mencionado diretamente o Brasil, o memorando divulgado pela Casa Branca destacou as exportações de etanol e produtos agropecuários.

Lula ainda reforçou que não existe nenhum relacionamento entre ele e Trump e, sim, entre os estados brasileiro e americano.

“Eu ainda não conversei com ele, ele ainda não conversou comigo. Eu espero que os Estados Unidos reconheçam o Brasil como um país muito importante”, afirmou. Ele alegou que a relação entre Brasil e Estados Unidos é equilibrada, sendo que somos o único país do mundo que os americanos têm superávit com relação ao Brasil. “Eles importam de nós U$ 40 bilhões, enquanto nós importamos deles US$ 45 bilhões”, completou.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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