‘Tarifaço’ de Trump: Brasil pode ver efeito em cadeia na economia com taxa de 25% sobre aço e alumínio
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A eventual imposição de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos (EUA) pode gerar um efeito em cadeia na economia brasileira.
“Se as exportações caírem, a produção pode desacelerar, afetando fornecedores, transportadoras e outros segmentos ligados à siderurgia e à mineração”, afirma o sócio e chefe do Private Offshore da Nomos, Rodolpho Damasco.
Também há o risco de que a medida gere tensões comerciais globais e represálias de outros países, dificultando o cenário para o Brasil, avalia.
No domingo (9), o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que anunciaria tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. O Brasil é um dos países que mais deve ser afetado por essa medida, uma vez que é o segundo maior fornecedor de aço, em volume, para o mercado norte-americano, comercializando 3,98 milhões de toneladas (16,3% do consumido no país), segundo dados de novembro de 2023 a novembro de 2024.
A possível tarifa reacende um problema já enfrentado pelo Brasil em 2018. Na época, a justificativa era a segurança nacional, mas o Brasil conseguiu negociar um sistema de cotas que permitiu continuar exportando sem a aplicação das taxas, mas com restrições de volume. “Agora, o desafio se repete, e o impacto sobre a economia brasileira pode ser significativo”, diz Damasco.
Segundo o chefe do Private Offshore da Nomos, a barreira comercial pode afetar diretamente empresas como CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Vale (VALE3), que dependem do mercado americano para escoar parte de sua produção.
Já a Gerdau (GGBR4), por ter operações nos EUA, pode sofrer menos, uma vez que consegue atender à demanda local sem depender das exportações. “Para as empresas que não possuem essa estrutura, a necessidade de buscar novos mercados e lidar com um possível excesso de oferta interna pode pressionar margens e impactar a geração de empregos no setor”, afirma.
Damasco diz que o governo brasileiro precisa agir rapidamente, como fez no passado, buscando um novo acordo que minimize os impactos dessas tarifas. “A experiência de 2018 mostrou que negociações podem resultar em condições menos desfavoráveis”, diz.
Além disso, ele destaca que é essencial que a indústria nacional continue investindo em competitividade e diversificação de mercados para reduzir sua dependência dos Estados Unidos e evitar ser refém de medidas protecionistas que podem mudar a qualquer momento.