Combustíveis

Tarcísio diz que não vê risco de greve dos caminhoneiros por alta dos combustíveis

11 mar 2022, 13:56 - atualizado em 11 mar 2022, 14:13
Tarcísio Freitas
O ministro declarou que foi procurado pela categoria desde o anúncio dos aumentos (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas afirmou em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (11), que mesmo com a alta de quase 25% no preço do diesel anunciada pela Petrobras (PETR4) na tarde de ontem (10), ele não vê risco de greve por parte dos caminhoneiros.

Tarcísio disse que recebeu questionamentos por parte da categoria, que está preocupada com as altas.

“Nas conversas, embora muito preocupados com o aumento, tenho percebido que eles estão entendendo o impacto da guerra. E estão percebendo também o esforço feito pelo Congresso em mudar a tributação e pelo governo, em termos de estudo para amenizar o aumento”, declarou ao jornal.

Ainda assim, o ministro disse que como existe esta compreensão, ele “não vislumbra risco de paralisação”.

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Greve dos caminhoneiros

Em entrevista ao Money Times, Wallace Landim, conhecido como Chorão, afirmou que a possibilidade de uma paralisação não está sendo considerada, pelo menos por ora.

Ele é uma das principais lideranças da greve dos caminhoneiros de 2018, além de presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava).

“Não vou ficar inflamando a categoria com um problema que é de todos. A população precisa se mobilizar. Neste exato momento, precisa partir das classes baixa e média, porque elas precisam se movimentar. Os caminhoneiros vão novamente levantar uma pauta que é de toda sociedade?”, afirmou.

Para Chorão, a rodada de alta nos preços “não é um problema somente dos caminhoneiros”. A Petrobras também anunciou ontem que a gasolina vai ficar quase 19% mais cara.

Os reajustes vêm em meio à disparada do preço do barril do petróleo após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”, informou a empresa em nota.

Apoio a Bolsonaro

Os caminhoneiros paralisaram em 2018 por conta dos constantes reajustes nos preços dos combustíveis (Imagem: REUTERS/Washington Alves)

Também em entrevista à Folha de São Paulo, Chorão afirmou que “foi um erro” ter apoiado o presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018, já que o presidente da República não mexeu com a política de paridade de preços internacionais da Petrobras, estabelecida durante o governo de Michel Temer (MDB).

“Bolsonaro tinha uma narrativa de que iria fazer alguma coisa pelo preço do combustível. Quando fizemos a paralisação, logo em seguida saiu um vídeo dele apoiando aquele ato, dizendo que se ele fosse presidente, iria realmente mexer. Colocou o Castello Branco (na presidência da Petrobras) com essa narrativa. Colocou o Luna (general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da estatal) com essa narrativa. E melhorou? Piorou”, declarou ao jornal.

No início da semana, o presidente chegou a criticar política de preços da estatal, quando o preço do petróleo Brent chegou a quase US$ 140 em meio à guerra no leste europeu.

“Agora, tem uma legislação errada feita lá atrás que você tem a paridade com o preço internacional, ou seja, o que é tirado do petróleo, leva-se em conta o preço fora do Brasil, isso não pode continuar acontecendo”.