Tanques ocidentais ainda não romperam a ‘vacina’ do trigo após quase um ano de guerra na Ucrânia
Passado quase um ano de guerra na Ucrânia, e bem ou mal funcionando o corredor de exportações do país, o trigo parece ‘vacinado’ contra disparadas descontroladas que venham por esse cenário. A menos que um novo grau de escalada mais grave do conflito se torne real.
A cotação está longe dos US$ 9 e US$ 8 o bushel, máximas conquistadas lá por novembro passado.
O cereal anda resistindo às ameaças da Rússia aos países que estão enviando ou prometendo tanques de guerra aos ucranianos, o que poderia colocar no cenário de guerra a Europa Ocidental.
É factível, mas ainda o tom de Vladmir Putin não passa do aumento dos bombardeios com mísseis sobre a Ucrânia.
Como o acordo assinado por Moscou para as exportações pelo Mar Negro segue em pé, apesar da acanhada oferta da Ucrânia prejudicada pela guerra, os tiros adicionais apenas resvalam nas cotações de Chicago. E ainda permitem realizações de lucros, de vez em quando.
Mas essa situação de guerra além fronteiras está sim no radar e pode voltar a incendiar os preços, não descarta o analista e trader da De Baco Corretora de Mercadorias, Marcelo De Baco. Também retiraria o cereal russo do mercado.
Por ora, há uma transição de outros fundamentos, ainda que na cotação da segunda a tela de março em Chicago entrou no teto de quatro semanas, e estende mais um pouco nesta terça: em torno de mais 1,65%, US$ 7,63, às 13h25 (Brasília).
O especialista gaúcho condiciona a seca na Argentina, e o fim do programa brasileiro de exportações, que devem começar a limar os estoques de trigos futuramente.
Enquanto isso, se observa a temporada de inverno dos Estados Unidos, com a “pouca cobertura de neve expondo as lavouras ao winterkill” [queima da planta pelo frio]”, porém, complementa: “Isso só será visto a partir de março” [após o degelo].
Os embarques americanos informados ontem vieram mais próximos do topo do intervalo projetado, mas 3% menor na temporada, sobre a anterior, em cerca de 13,2 milhões, segundo o USDA.
Além disso, há o alcance ainda meio insondável sobre o quanto a situação macroeconômica global retirará do consumo, a depender do tamanho no qual se consolidará a praticamente consensual desaceleração.
Por conta disso também, Marcelo De Baco acredita que esteja havendo menor liquidez para certas classes de ativos, inclusive de olho nas expectativas com o Federal Reserve (Fed) na quarta e qual a direção do juros.