Roberto Campos Neto é um renomado economista brasileiro que se destacou como presidente do Banco Central do Brasil a partir de 2019, sendo indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro.

Antes de ingressar no setor público, Roberto Campos Neto acumulou experiência em instituições financeiras de destaque, onde desempenhou funções ligadas à gestão de recursos e investimentos. Também teve passagens significativas pelo Banco Bozano Simonsen e Banco Santander.

A influência econômica em sua família vem de seu avô, Roberto Campos, uma figura influente que ocupou diversos cargos públicos e promoveu reformas econômicas importantes, incluindo a criação do Banco Central do Brasil e sua autarquia. 

Trajetória de Campos Neto

Nascido no Rio de Janeiro, Campos Neto possui formação acadêmica robusta, com graduação em economia pela Universidade da Califórnia em Berkeley e mestrado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Depois do mestrado e de volta ao Brasil, Campos Neto assumiu a função de trader no Banco Bozano Simonsen, onde fazia operações de juros e moedas. Ele também foi operador de dívida externa, bolsa e renda fixa internacional, até que a instituição foi comprada pelo Santander.

No Santander, atuou como chefe de trading, foi membro do conselho executivo do banco de investimentos no Brasil e no mundo e se tornou responsável pela tesouraria global para as Américas.

Em 2004, saiu do Santander para assumir a gestão de portfólio da Claritas Investimentos. Em 2006, ele aceitou o convite para retornar ao Santander e assumir o cargo de executivo, que permaneceu onde ficou por 12 anos e passou a atuar como diretor de contas

Campos Neto no Banco Central

Após ficar 18 anos trabalhando em bancos privados, Campos Neto deixou sua carreira para assumir a presidência do Bacen (Banco Central), exercendo um papel fundamental na condução da política monetária, na estabilidade e no desenvolvimento econômico do país. 

Seu empenho no mercado financeiro resultou em reconhecimento e respeito no mercado econômico brasileiro e, em 2019, foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para assumir a presidência do Banco Central do Brasil. 

Campos Neto tinha uma relação próxima com Paulo Guedes, cotado para ser Ministro da Economia, e seu nome já era associado à chapa do presidente eleito. Paulo Guedes admirava Campos Neto, considerando-o potencial líder entre os economistas liberais de uma nova geração. 

Após passar pela sabatina no Senado, onde recebeu 55 votos a favor e apenas 6 contrários, Campos Neto foi oficialmente nomeado como o vigésimo sétimo presidente do Banco Central do Brasil.

Ao assumir o BC, Campos Neto defendeu fortemente a autonomia da instituição e deu sequência à agenda de incentivo à concorrência iniciada por seu antecessor Ilan Goldfajn. Reconhecido como um liberal, esse pensamento é defendido em sua administração à frente do Banco Central. 

No discurso de posse, ressaltou que a instituição deve permitir que a iniciativa privada atue mais livremente, pois, segundo ele,  ajudaria o mercado de capitais a se tornar mais relevante. Outro foco que o BC deve ter, segundo Campos Neto, é no desenvolvimento nacional. 

Durante sua gestão no Banco Central, o economista conseguiu reduzir a taxa Selic de 6,5% para 2% ao ano, alcançando o menor patamar histórico. Essa redução foi acompanhada por um decréscimo na inflação, conforme indicado pelo boletim Focus do Banco Central, que previu um IPCA de 3,25% em 2020.

Campos Neto tem trabalhado ativamente para introduzir tecnologias inclusivas no sistema bancário, com o objetivo de diminuir custos operacionais e ampliar a competição no setor.

Feitos de Campos Neto no BC

  • 2019 – Lançou a “Agenda BC”: a agenda foi um conjunto de medidas estruturantes que tinham como objetivo fomentar a competição, inclusão, transparência, educação e a sustentabilidade no sistema financeiro nacional. Entre as iniciativas, estão: PIX, Open Banking, Open Finance e o Real Digital.
  • 2020 – Menor taxa básica de juros: para conter os prejuízos financeiros decorrentes da pandemia da covid-19 e aquecer a economia, o Bacen reduziu a taxa selic ao seu menor patamar histórico: 2% ao ano.
  • 2021 – Aperto monetário: Com a retomada das atividades econômicas e o aumento do consumo, a inflação foi pressionada para cima, o que resultou em um aperto monetário. Neste ano, o Bacen não conseguiu cumprir a meta de inflação estipulada pelo Governo
  • 2022 – Incertezas globais: O conflito bélico entre Rússia e Ucrânia fez com que os preços dos combustíveis aumentassem e isso acarretou em uma inflação maior. Diante disso, Campos Neto comunicou ao mercado que não conseguiria cumprir a meta de inflação pela segunda vez consecutiva. A Selic chegou ao maior patamar de juros desde 2016.
  • 2023 – Eleições: Mesmo com as eleições no final de 2022 e a vitória do presidente Lula e, consequentemente a mudança na equipe econômica com o novo Governo, Campos Neto continuou a exercer a presidência do Bacen. Neste ano, o Brasil se tornou o país com a maior taxa de juros real do mundo, sendo o maior ocorrido durante todo o regime de metas para a inflação desde 1999.