Taesa (TAEE11): Mudança da política de dividendos é boa ou ruim? Veja o que fazer com papel
A Taesa (TAEE11) reportou seu resultado referente ao primeiro trimestre de 2024 (1T24) na quarta-feira (8), após o fechamento do mercado. A companhia também anunciou o pagamento de R$ 144,89 milhões em juros sobre capital próprio (JCP) e mudança na política de distribuição de proventos.
A partir de 2024, a base de cálculo para distribuição passa a ser o lucro líquido regulatório, visando a execução do planejamento estratégico e maior previsibilidade por parte do mercado.
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Para o exercício social deste ano, a proposta de pagamento será de, no mínimo, 75% do lucro líquido regulatório. A partir do exercício social de 2025, a intenção da companhia é propor a distribuição de proventos entre 90% e 100% desse valor.
As ações da companhia caem nesta quinta-feira (9), com recuo de 1,82%%, a R$ 35, por volta das 15h55.
Analistas não viram o balanço com muito otimismo, com consenso em relação à fraqueza dos números, com destaque para a margem Ebtida.
Daniel Travitzky e equipe, do banco Safra, apontam que os números foram moderados, com o Ebtida afetado pelos seguintes itens não recorrentes:
- (i) – R$ 13 milhões da maior parcela variável relacionada a problemas operacionais na linha Janaúba; e
- (ii) – R$ 10,1 milhões relativos a outras despesas operacionais não recorrentes.
“A queda dos resultados financeiros é explicada por resultados de rendimentos de ações melhores do que o esperado. A alavancagem aumentou para 3,8x dívida líquida/EBITDA em relação aos 3,7x do último trimestre”, ponderam.
Em relação à nova política de dividendos, avaliam que oferece mais previsibilidade em relação aos rendimentos potenciais e possivelmente rendimentos mais elevados. No entanto, a orientação de pagamento mais elevada deverá implicar uma alavancagem mais elevada no futuro.
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“Em suma, a nova política poderá limitar a capacidade da empresa de participar em novos leilões. Mantemos nossa classificação de underperform (desempenho esperado abaixo da média do mercado, equivalente a “venda”) na Taesa por motivos de avaliação”, concluem.
André Sampaio e Guilherme Lima, do Santander, também avaliam que a margem Ebtida veio ligeiramente mais fraca, contudo, veem os resultados em linha com o esperado, refletindo principalmente:
- (i) o reajuste negativo do IGP-M no ciclo de Receitas Anuais Permitidas (AAR) 2023-24;
- (ii) a queda esperada de 50% na RMA de algumas concessões; e
- (iii) pelo maior impacto da parcela variável.
O banco também tem classificação underperform (desempenho esperado abaixo da média do mercado, equivalente a “venda”) para TAEE11.
Por fim, o analista Rafael Dias, do BB Investimentos, avalia o balanço como levemente negativo, em função do impacto da deflação acumulada pelo IGP-M sobre parte de sua receita a partir de julho de 2023 e outros eventos não recorrentes que anularam os benefícios da expansão recente.
“Com o impacto da deflação do IGP-M sobre a receita e da alta nos custos e despesas operacionais, o EBITDA consolidado apresentou queda de 7,1% na comparação anual, vindo em R$ 485 milhões no 1T24, com perda de 4,2 pontos percentuais em relação ao 1T23”, destaca.
A casa tem recomendação neutra para as ações de Taesa.
1T24 da Taesa
A Taesa encerrou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido IFRS de R$ 374,0 milhões, uma queda de 3,3% ante o apurado no mesmo intervalo do ano passado. Já o lucro líquido regulatório foi de R$ 193,2 milhões, redução de 10,3% na mesma base de comparação.
O Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda) pela norma IFRS alcançou R$ 558,2 milhões, redução de 2,0% em base anual de comparação. Já Ebitda regulatório totalizou R$ 485,0 milhões, apresentando queda anual de 7,1%. A margem Ebitda ficou em 83,0% no trimestre, diminuição de 4,2 pontos porcentuais ante o primeiro trimestre de 2023.
A receita líquida IFRS totalizou R$ 731,3 milhões de janeiro a março deste ano, crescimento de 5,5%. No mesmo período, a receita regulatória totalizou R$ 584,0 milhões nos primeiros três meses do ano, registrando uma baixa de 2,4% em relação ao mesmo período de 2023.
*Com Giovana Leal e Estadão Conteúdo