Economia

SVB: Colapso do banco pode afetar a Selic aqui no Brasil; entenda

13 mar 2023, 16:27 - atualizado em 13 mar 2023, 16:31
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Quebra do SVB pode levar o Banco Central a reduzir a taxa Selic antes do esperado. (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)

A semana do mercado financeiro já começou agitada com a quebra do Silicon Valley Bank (SVB).

Na quarta-feira (8), o banco informou a liquidação de US$ 21 bilhões em títulos com US$ 1,8 bilhão em prejuízo no 1º trimestre do ano. Além disso, a instituição planejava vender US$ 1,7 bilhão em ações e os clientes do banco correram para tirar o dinheiro.

O SVB perdeu quase US$ 10 bilhões da noite para o dia. Dois dias depois, foi declarado o colapso da instituição.

Ontem, governo dos Estados Unidos anunciou que vai intervir para evitar que a quebra afete o seu sistema bancário, como na crise de 2008. A Europa também trabalha em medidas para se proteger.

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SVB: Efeitos na Selic

Aqui no Brasil, a quebra do SVB pode interferir na política monetária do Banco Central e no futuro da Selic.  Antonio van Moorsel, estrategista-chefe e sócio da Acqua Vero, aponta que os contratos de juros futuros já estão sendo pressionados para baixo.

“A quebra do SVB causará uma desaceleração natural da economia e que, por sua vez, tende a arrefecer a inflação. Ou seja, o Banco Central poderia ajustar para baixo a sua política monetária antes do esperado”, afirma.

Essa também é uma possibilidade a ser seguida pelo Federal Reserve e que pode refletir nas decisões do Banco Central brasileiro.

Segundo Luciano Feres, economista e CFO da Somus Capital, a nossa autoridade monetária está sempre de olho na forma como os Fed está ratando os juros lá nos EUA. Mesmo porque, o prêmio Brasil por ter mais risco, sempre tem que estar mais atrativo que o americano para captar recursos estrangeiros.

“Se os EUA mirarem uma redução nos juros devido a esse impacto – e acredito que sim – aqui muito provavelmente vai seguir o mesmo caminho e reduzir um pouco a Selic”, destaca.

Mercado de crédito e startups

Outro problema que demandará a atenção do Banco Central é o aumento do risco de crédito no país.

O calote é o maior ponto de atenção, aponta Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos. “E o mercado sempre liga o alerta quando uma instituição que aparentemente estava bem e avisa ‘do dia para noite’ que não terá como honrar os compromissos.”

E aí vem mais um motivo para a revisão da taxa Selic. Basicamente, se a fonte de crédito secar por falta de confiança no tomador e no credor, é possível que o Banco Central reduza os juros a fim de incentivar a injeção de recursos na economia como preventivo a uma eventual recessão ou desaceleração econômica mais forte.

No entanto, Idean lembra que o sistema bancário no Brasil é muito mais regrado devido ao nosso histórico de quebradeira de instituições e falta de liquidez em caso de insolvência. Tanto que o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) garante até R$ 250 mil por banco e por CPF; além de o Banco Central acompanhar tudo de perto.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo, afirma que já conversou com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no fim de semana e que a autoridade monetária tomará providências caso seja necessário.

“Tudo isso traz mais segurança para o nosso sistema, mas é claro que um patamar de juros como o atual por muito tempo pode trazer problemas para empresas muito endividadas e, consequentemente, para os bancos credores”, afirma Idean.

Mas uma preocupação ainda maior gira em torno das startups e dos bancos digitais. Até agora, não está clara qual o real tamanho da relação das empresas brasileiras com o SVB e o quanto elas podem ser impactadas.

Luciano, da Somus Capital, lembra que isso pode gerar uma falta de interesse em investir nas empresas e assim gerar uma estagnação do setor.