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Suzano (SUZB3) vira empresa de papel e celulose mais descontada do mundo com pressão de possível oferta pela IP; hora de comprar as ações?

06 jun 2024, 12:46 - atualizado em 06 jun 2024, 12:46
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Para banco, a empresa é a ação do setor mais descontada do mundo; operação pode pesar sobre o pagamento de dividendos da Suzano? (Imagem: YouTube/Suzano)

As ações da Suzano (SUZB3) acumulam uma queda de 21,59% desde a notícia sobre uma possível oferta de US$ 15 bilhões (R$ 79 bilhões, no câmbio atual) pela International Paper (IP), há cerca de um mês.

De 6 de maio até 5 de junho, a empresa perdeu R$ 16,480 bilhões em valor de mercado, segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria.

Na avaliação do BTG Pactual, a Suzano agora negocia com desconto de 37% para a Klabin (KLBN11), aproximadamente 35% para produtores chilenos, 42% para a IP e até mesmo um desconto de 20% para a Irani (RANI3). Dessa forma, a companhia se tornou o produtor de celulose com maior desconto no mundo.

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Para o banco, o desconto é injustificado pelos fundamentos, uma vez que a empresa é o produtor de maior qualidade na indústria (com base em curvas de custos, rentabilidade, retornos).

Mas os analistas argumentam que a história do investimento na ação no curto prazo é agora altamente binária (retornos simétricos; resultados semelhantes), com aproximadamente 15% de potencial de valorização/desvalorização.

“Isto é lamentável, pois vemos um grande valor no nome em um horizonte de tempo mais longo”, escreveram os analistas Leonardo Correa, Caio Greiner e Bruno Lima.

Após a notícia, a Suzano veio a público confirmar que possui interesse nos ativos da IP. Mas a empresa até o momento não fez uma proposta oficial pelos ativos. Na manhã desta quinta (6), por volta de 11h26, as ações subiam 2,70%, aos R$ 47,90.



A cautela se justifica

O BTG pontua que o cenário de investimento da empresa pode mudar completamente caso a transação se confirme, o que justifica a cautela dos investidores.

Para os analistas, até que as principais questões sejam respondidas, as ações da Suzano se dissociarão dos fundamentos, negociarão com grandes níveis de descontos e vão reagir aos últimos ruídos sobre o possível negócio. Com isso, as questões-chave para o BTG incluem:

  1. O que mudou para um movimento de internacionalização tão grande?
  2. Potencial de sinergia e qual a extensão da captura?
  3. Qual capex envolvido na reestruturação para IP
  4. Pacote de desalavancagem considerado para manter o grau de investimento?

O BTG recomenda compra para Suzano, com alvo de R$ 82. O banco ressalta que não conta com informações sobre o possível negócio e atribuí uma probabilidade relevante de que as negociações fracassem no futuro.

“Acreditamos que a administração ainda merece o benefício da dúvida e acreditamos que seu histórico de sucesso na alocação de capital merece nosso reconhecimento.”

Queda no valor de mercado desde notícia sobre oferta pela International Paper – Elos Ayta Consultoria
Empresa Ticker 06/05/2024 04/06/2024 Variação
Suzano SUZB3 R$ 76,341 bilhões R$ 59,861 bilhões -16,480 bilhões

Haverá um impacto nos dividendos da Suzano?

Para Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, a possibilidade de um aumento significativo na alavancagem da Suzano caso a aquisição se materialize é um risco a ser considerado.

No entanto, o histórico da companhia em criar valor para os acionistas e sua capacidade de alocação de capital inteligente trazem confiança de que a empresa não avançará em um M&A (fusões e aquisições) que não seja vantajoso.

“Embora a alavancagem possa restringir a distribuição de lucros no curto prazo, o aumento de escala e sinergias operacionais poderiam, no longo prazo, fortalecer a capacidade de geração de caixa e, consequentemente, a distribuição de dividendos”, afirma.

Suzano (SUZB3) é a top pick do Santander no setor

O Santander conta com um olhar conservador para o setor, já que os fundamentos dão suporte para preços da celulose acima de US$ 740/t no curto prazo, após o recente anúncio de um aumento no preço da celulose de fibra curta de US$ 30/t para a Ásia em junho, o que poderia levar preços spot para US$ 770/t.

Contudo, a instituição destaca possibilidade de um reajuste no 2S24/1S24. “No geral, vemos os preços das ações do setor refletindo os preços da celulose em torno de US$ 540/t para 2024, o que está abaixo do atual custo marginal de US$ 580/t, e em linha com o nível intermediário do ciclo. Reiteramos nossa preferência por empresas brasileiras devido à maior geração de caixa e menor alavancagem”, comentam os analistas.

Sendo assim, o banco tem na Suzano sua top pick, seguida pela Klabin, dado o seu valuation atrativo de 5,4x 2024E V/EBITDA, rendimento FCF de 15% ex-crescimento.

Fora isso, com o ramp-up do Projeto Cerrado a partir de 2025, o Santander espera uma forte tendência de desalavancagem.

“Aquisição grande demais e sinergias não-óbvias”

Para a Genial Investimentoso cenário para a ação da Suzano carece de catalisadores consistentes de alta no curto prazo, uma vez que a incerteza perante a alocação de capital criou um ruído nas ações.

“O mercado interpretou que a aquisição parece grande demais e as sinergias não são óbvias”, disseram os analistas.

Em 23 de maio, o CEO da IP, Andy Silvernail, disse que a companhia não está engajada na potencial oferta da Suzano para a aquisição. A empresa segue focada na compra da DS Smith (maior companhia de embalagens da Europa), esperada para o 4T24, em um acordo de aproximadamente US$ 10 bilhões.

No entanto, no mesmo dia, a Bloomberg divulgou uma matéria mencionando que a Suzano está em conversas com bancos japoneses (Mizuho, Nomura e Mitsubishi UFJ), para adquirir um empréstimo-ponte e preparar uma oferta oficial, elevando a alavancagem, justamente o grande temor dos investidores.

Para a Genial, apesar da forte queda até o momento, novas perdas podem ser vistas caso o anúncio se concretize. Apesar disso, os analistas preferem manter a recomendação de compra, com a maior possibilidade de o acordo não acontecer.

Isso porque a IP não está interessada em se desfazer da aquisição da DS Smith e que a Suzano não parece possuir estrutura para fazer uma oferta que englobe a IP + DS Smith juntas.

A Genial vê a ação negociando um EV/EBITDA 24E de 6,0x (vs. 7,5x da média histórica), com um grau “muito razoável” de desconto. Na visão dos analistas, as cotações não refletem melhora dos indicadores da Suzano pós start-up do Projeto Cerrado no 2S24.

“Entretanto, o mercado segue dando mais atenção ao possível acordo com a IP, e desconsiderando o lado operacional da companhia, que está em um momento positivo. Portanto, reforçamos nossa recomendação, com um preço-alvo de R$72,00 para 12 meses, refletindo um potencial de alta de 52,83%.”

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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