Suzano (SUZB3): 5 analistas indicam o que fazer após prejuízo bilionário; CEO vê início da desalavancagem
A Suzano (SUZB3) registrou um prejuízo líquido de R$ 3,76 bilhões no segundo trimestre de 2024 (2T24), segundo balanço divulgado ontem (8), abaixo do resultado negativo de R$ 2,8 bilhões esperado pelo mercado.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 6,28 bilhões, crescimento de 60% na base anual.
Durante a teleconferência da Suzano com a imprensa, o CEO Beto Abreu chamou atenção para os destaques do trimestre, entre eles a aquisição de participação na Lenzing, a compra de ativos da Pactiv e o início do Projeto Cerrado.
“O acordo com a Lenzing permite uma expansão em novos mercados e em sustentabilidade, com novas aplicações de celulose no setor têxtil, enquanto o negócio da Pactiv nos permite avançar na cadeia, com vantagem competitiva. Já o Projeto Cerrado nos mantém relevantes na celulose e best-in-class na visão de custo total da commodity. Quanto aos números do 2T24, o forte Ebitda indica o início do nosso processo de desalavancagem”, diz.
Fora isso, quanto perguntando sobre os reflexos nos mercados pela queda da bolsa do Japão nesta semana, o CEO explicou que esse é um dos motivos para a companhia fazer hedge dos seus preços. “Não acredito em um risco de uma recessão no curto prazo, mas um recuo nos mercados não pode ser descartado”, completa.
SUZB3: Como os analistas viram os resultados do 2T24?
O Santander chamou atenção para o Ebitda ajustado no 2T24 de R$ 6,288 bilhões (+38% no trimestral e 60% ano a ano), 7% acima do consenso e 10% acima da nossa estimativa. O banco viu os volumes de vendas ligeiramente maiores do que o esperado, e custos de produção menores.
A alavancagem permaneceu dentro das diretrizes financeira da empresa e o avanço do FCF ajustado de 7% trimestre a trimestre, em R$ 1,9 bilhão pode ser explicado por um Ebitda ajustado mais forte, menores despesas com juros e efeito positivo do capital de giro.
“Mantemos nossa classificação outperfom (compra) e preço-alvo de R$ 75″, explicam Yuri Pereira e Arthur Biscuola.
Destaque para celulose
Com receita líquida de R$ 11,5 bilhões, 4% acima das suas estimativas, a XP Investimentos viu o desempenho da divisão de celulose como o principal destaque, ainda que tenha visto números neutros para SUZB3
Embora o foco principal do mercado permaneça na duração da desaceleração do ciclo de celulose, os analistas acreditam que a Suzano está bem posicionada devido à sua robusta estrutura de custos, a aproximação do Cerrado e ao real ainda mais depreciado, o que deve sustentar a geração e a rentabilidade duradouras do FCF.
“Acreditamos que os preços atuais das ações já implicam preços mais baixos de celulose (~US$ 540/t de BHKP precificado), proporcionando uma margem de segurança em termos de valuation. Reiteramos nossa classificação de compra e preço-alvo de R$ 73″, apontam Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano.
Resultados robustos
Os analistas do Bradesco BBI, que viram um robusto desempenho, esperam que o impulso dos resultados da Suzano no 2T24 permaneça forte, à medida que os preços mais altos da celulose continuam a fluir através dos resultados (devido à defasagem de preços).
“Embora reconheçamos que os ventos contrários aos preços da celulose poderão intensificar-se no curto prazo, continuamos acreditando que existem oportunidades tácticas. Em suma, reiteramos a recomendação de compra para SUZB3 e a vemos sendo negociada a 4,7x o múltiplo EV/EBITDA para 2025”, explicam Rafael Barcellos e Renato Chanes.
O Banco Safra destacou os números “surpreendentemente altos para as exportações de celulose”, em meio as condições mais difíceis de mercado. A instituição recomenda compra e preço-alvo de R$ 70.
A Genial Investimentos também chamou atenção para os números operacionais fortes, impulsionados principalmente pela acentuada escalada do preço da celulose (BHKP).
Segundo os analistas, as incertezas quanto a alocação de capital na estratégia de diversificação, bem como a queda no preço da celulose, que possivelmente será ocasionada pelo excesso de oferta no curto prazo, funcionam “como folhas ao vento”.
Por outro lado, os bons fundamentos da companhia (especialmente a partir de 2025), atuam como raízes fincadas no chão, dando solidez para o crescimento robusto que está logo na virada da esquina.
“Com um EV/EBITDA 25E de 5,2x (vs. média histórica de 7,5x), a companhia nos parece penalizada em excesso pela expectativa de redução no preço da celulose para o 2S24 e isso nos leva a reiterar nossa recomendação de compra, com um alvo de R$ 72”, analisam Igor Guedes, Rafael Chamadoira e Iago Souza.