Suzano e Fibria anunciam fusão
O BNDES, por meio de sua subsidiária de participações acionárias, a BNDESPAR, aprovou a consolidação entre as empresas Suzano (SUZB3) e Fibria (FIBR3), mostra um comunicado enviado à imprensa na noite de quinta-feira (15). As negociações foram conduzidas em comum acordo com a Votorantim S/A, com quem a BNDESPAR compartilha o controle da Fibria. Ainda ontem, empresa holandesa Paper Excellence tinha elevado a oferta de R$ 67 por ação para R$ 71,50 por ação, mas não conseguiu vencer a disputa.
Os acionistas da Fibria irão receber R$ 52,50 por ação vendida para a Suzano, corrigido pelo CDI até a concretização do negócio, além de 0,46 ação da Suzano. Este percentual equivale hoje a R$ 10,76. A parte em dinheiro será também reajustada em razão de dividendos, juros sobre o capital próprio e outros proventos declarados, a partir de hoje, exceto pelos dividendos mínimos obrigatórios já divulgados.
Caso a negociação não se concretize por restrições impostas por autoridades concorrenciais no Brasil e no exterior, a Suzano poderá não consumar a operação mediante o pagamento de uma multa de R$ 750 milhões. O Conselho de Administração da Fibria tem até 15 dias para aderir à operação.
A Suzano informou que obteve compromissos firmes junto “a certas instituições financeiras internacionais” para contratação de financiamentos, totalizando US$ 9,2 bilhões, cujo desembolso está condicionado, dentre outras condições, à consumação da operação.
Maior do mundo
Segundo o banco, a operação consolida as duas maiores empresas de celulose do País, e transforma a companhia resultante na líder mundial em celulose de mercado. A composição da forma de pagamento ao BNDES concilia o recebimento de parte significativa em dinheiro, cerca de R$ 8,5 bilhões, e o recebimento de ações da companhia resultante, com a perspectiva de valorização a partir dos ganhos sinérgicos e de produtividade advindos da transação.
“A operação garantiu o fortalecimento do mercado de capitais, conforme a missão do BNDES, e manteve uma empresa aberta no mercado brasileiro. Também foram negociadas melhorias de governança, que incluem a aprovação de uma política de indicação de conselheiros independentes. A companhia resultante deverá, por contrato, manter, no mínimo, o mesmo padrão de responsabilidade socioambiental em que as duas empresas já eram referência”, informa o banco.
Os acionistas minoritários irão receber dinheiro e ações nas mesmas condições dos controladores e a BNDESPAR seguirá com participação relevante empresa resultante, mas será minoritária. “Dessa forma, o BNDES dá prosseguimento à sua estratégia corporativa, de monetização a preços adequados de participações societárias maduras em grandes empresas, permitindo a geração de caixa para novos investimentos em fundos de apoio a empresas startups e scale-ups, entre outras”, ressalta.
A operação é inteiramente garantida por consórcio de bancos privados e sua conclusão está sujeita à aprovação de agências antitruste.
Histórico
O fim das negociações encerra ciclo exitoso de participação da BNDESPAR na Fibria, que teve início em 2009, com aporte de capital para a criação da empresa resultante da combinação entre Votorantim Celulose e Papel e Aracruz Celulose.
Desde então, a Fibria obteve resultados em diversas dimensões, desde o fortalecimento das práticas de governança — notadamente a migração para o Novo Mercado —, o robustecimento da sua estrutura de capital e a obtenção do grau de investimento.
As ações prepararam a companhia para um ciclo de expansão que resultou no fortalecimento da indústria nacional de celulose e gerou aumento de exportações, com reflexos na balança comercial e na geração de empregos.