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Suspensão de crédito rural com juros controlados preocupa, diz CNA

09 fev 2022, 16:56 - atualizado em 09 fev 2022, 16:56
Agricultura Agronegócio
Os ministérios da Agricultura e Economia afirmaram após a medida nesta semana que entendem a importância da questão e que estão trabalhando para uma solução (Imagem: Reprodução/Embrapa)

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) manifestou preocupação nesta quarta-feira com a oferta e os custos do crédito agrícola depois de o Tesouro Nacional suspender nesta semana as contratações das linhas subsidiadas do Plano Safra 2021/22.

A suspensão, após a escalada da taxa Selic colaborar para esgotar os recursos para equalização de juros do crédito rural, afeta o setor na etapa final da temporada 2021/22 e também pode impactar operações de pré-custeio da próxima safra (2022/23), segundo a CNA.

Por isso, a confederação pediu ao governo federal e a parlamentares apoio para a adoção de medidas para recompor o orçamento de 2022 nas ações de equalização das taxas de juros do crédito rural, por meio de projeto de lei de crédito suplementar.

O crédito mais caro, uma vez que as taxas a juros controlados são mais baixas do que as de mercado, pode colaborar para a aceleração da inflação e comprometer a economia do país, em momento em que o Brasil planta a segunda safra de milho, que responde pela maior parte da colheita do cereal no país.

Embora beneficiado por preços mais altos das commodities agrícolas, o setor sofre com os custos que estão elevados, uma vez que há problemas de oferta global com pesticidas e fertilizantes.

“O aumento do custo do crédito, justamente em uma safra que estamos tendo preços recordes dos insumos, bem como a falta de alguns deles, além de problemas climáticos extremos que certamente irão impactar a oferta de alimentos, deve ocasionar aceleração inflacionária e comprometer o próprio crescimento econômico do país”, disse a CNA em nota.

Os ministérios da Agricultura e Economia afirmaram após a medida nesta semana que entendem a importância da questão e que estão trabalhando para uma solução.

Para o presidente da CNA, João Martins, a escalada da taxa Selic desde o início do ano passado não foi dimensionada quando da formulação do orçamento 2022.

Segundo ele, a suspensão do crédito com juros equalizados “compromete novas operações de crédito em 2022, assim como as tão necessárias renegociações de prazos de reembolso do crédito nas regiões cuja produção agropecuária foi significativamente impactada pela seca ou por chuvas excessivas”.

A suspensão do crédito com juros controlados ocorreu após uma alta de 32% nas contratações de empréstimos nesta modalidade de julho a janeiro, para 117,8 bilhões de reais, segundo dados do Ministério da Agricultura.

A taxa Selic está atualmente em 10,75% ao ano, após uma escalada promovida pelo Banco Central desde março do ano passado, em medida contra a inflação no Brasil que disparou acima de dois dígitos e para máximas em seis anos, por um misto de pressão nos preços dos alimentos, combustíveis, crise hídrica e dólar valorizado.

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