Suspender exportação de milho não beneficia setor de carnes
A câmara argentina CICCRA, do setor de carnes, afirmou nesta segunda-feira que a suspensão das exportações de milho do país, anunciada pelo governo local, não terá impacto nos preços da cadeia de carnes, apesar da justificativa oficial de que a medida busca garantir a oferta do grão utilizado como alimento animal.
Na última quarta-feira, o governo do peronista Alberto Fernández suspendeu temporariamente o registro de novas exportações de milho com data de embarque até fevereiro, afirmando que busca assegurar o abastecimento doméstico do cereal, em uma decisão inesperada que gerou mal-estar no setor rural do país.
O milho viu seus preços internacionais dispararem nos últimos meses, impactando os custos de produção da carne bovina, um alimento de alto impacto social na Argentina, onde os anos de alta inflação fizeram com que o produto seja cada vez mais um luxo.
No entanto, segundo Miguel Schiariti, presidente da CICCRA, a decisão oficial não vai incrementar a oferta doméstica de milho ou reduzir seus preços, em um mercado no qual não há escassez do cereal.
“O que vai acontecer? Nada. Ninguém vai abandonar uma moeda forte como o milho, porque o milho é cotado em dólares, porque não o deixam vender para o mercado externo. Vão vender quando precisarem vender, e vão vender pelos preços que estavam vendendo antes do fechamento”, disse Schariti.
O presidente da MAIZAR, câmara da cadeia do cereal, Alberto Morelli, afirmou que o fechamento do mercado externo não causará um fluxo de milho para o mercado local, já que os produtores seguem atentos aos preços internacionais do grão e à evolução da cotação da desvalorizada moeda argentina.
“Esse não é o caminho. O que deveriam ter feito é não se apressar e esperar o que está acontecendo hoje. Já na última semana os preços da carne caíram”, acrescentou Schiariti, que explicou que as altas nos preços em dezembro foram influenciadas por fatores sazonais e pelo relaxamento de medidas restritivas impostas por causa da pandemia de Covid-19.