Eleições 2018

Surpresas na boca de urna apontam desgaste generalizado da política

07 out 2018, 19:00 - atualizado em 07 out 2018, 19:00

Os resultados de pesquisa de boca de urna divulgados pelo Ibope nos três principais colégios eleitorais do Brasil estão destoando das últimas pesquisas realizadas às vésperas do pleito deste domingo (7).

Segundo o instituto, em São Paulo, João Dória (31%) lidera a boca de urna e o segundo lugar tem empate entre o atual governador Márcio França (PSDB) e Paulo Skaf (MDB), ambos com 21% .

Em Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) tem 41% das intenções de voto; Antônio Anastasia (PSDB) aparece com 29%; o atual governador Fernando Pimentel marca 22% das manifestações colhidas. No Rio de Janeiro, a boca de urna indica que Wilson Witzel (PSC) obteve 39% dos votos; Eduardo Paes (DEM), 21%; e Tacísio Motta (PSOL) 15%.

A cientista política Maria Teresa Sadek, professora aposentada da Universidade de São Paulo (USP), se disse bastante “surpresa” com alguns dos resultados da boca de urna. Ela abre algumas hipóteses, a serem confirmadas nos próximos dias, sobre o que teria pesado na decisão dos eleitores.

Para ela, “podem ter pesado denúncias de corrupção” contra políticos tradicionais e ter ocorrido, da parte dos eleitores, alguma associação entre as candidaturas que ascenderam, como Witzel (Rio) e Zema (Minas), com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Os dois candidatos, durante a campanha, declararam apoio a Bolsonaro.

O cientista político Carlos Ranulfo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), avalia que os resultados até aqui são “totalmente inusitados” concorda que pode ter ocorrido “um movimento de último hora” de alinhamento com as candidaturas de Bolsonaro.

Ranulfo chama atenção para a hipótese de que os candidatos, que na boca de urna lideram as intenções de voto, se beneficiam por serem novas opções e não têm a imagem contaminada. “Há um desgaste generalizado do sistema político”, aponta.

Os dois cientistas políticos chamam atenção para o fato de que as escolhas para os cargos de governador (voto majoritário) podem estar descoladas das escolhas para assembleias estaduais (voto porporcional). Para eles, apesar dos candidatos serem eleitos com um discurso alheio à política tradicional terão que negociair e formar alianças com partidos e nomes que combateram em suas campanhas.

“Quem quer que ganhe em Minas Gerais, vai ter que lidar com a velha assembleia de sempre. Vai ter que negociar com os deputados que procuram atender suas bases e partilhar o poder com eles”, exemplifica.

Sem se ater a nenhum estado, Maria Teresa Sadek concorda com o raciocínio. “O governador pode ser escolhido de forma descolada, mas depois vai ter que fazer costura política para conseguir governar”.