Inflação

Supermercados paulistas ainda não sentiram desaceleração com alta dos juros, diz setor

23 abr 2025, 16:31 - atualizado em 23 abr 2025, 16:31
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Erlon Ortega, presidente da Apas (Foto: Reprodução/Edu Leporo)

O Banco Central tem elevado a taxa básica de juros com o objetivo de desacelerar a economia e segurar a inflação no Brasil. No entanto, o efeito ainda não foi sentido nos supermercados, de acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas).

“O ciclo de alta começa a causar efeitos a partir de agora. A desaceleração deve vir mais forte no segundo semestre, mas a expectativa ainda é de crescimento para 2025”, disse Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas, em café com jornalistas nesta quarta-feira (23).

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Queiroz afirma que o setor começou o ano crescendo cerca de 4%, considerando os dados consolidados de janeiro e fevereiro. Segundo o especialista, a redução do desemprego e o aumento da renda média em relação ao início do ano anterior contribuíram para a alta.

A respeito da inflação, o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Apas em parceria com a Fipe, escalou cerca de 5 pontos percentuais desde o final de 2023. No entanto, a preocupação é mais direcionada a produtos específicos.

“A inflação não está descontrolada. O que acaba acontecendo é que alguns produtos que são mais sensíveis ao consumidor causam uma impressão mais negativa, como café e ovos. Porém, muitos outros produtos apresentaram tendência de deflação”, afirmou Queiroz.

Para o presidente da Apas, Erlon Ortega, a inflação da sinais de retração. “Ela mostrou uma redução em alguns commodities como carne, óleo de soja, arroz, e o quilo de hortifruti. A tendência deste ano, até o momento, é de redução”, afirmou.

Além da alta dos juros, a Apas coloca os impactos climáticos, e a desaceleração de economias globais como China e Estados Unidos como pontos de atenção para o setor no segundo semestre.

Setor cresce em 2024, mas segue com vagas abertas

O resultado no início do ano tem se mantido positivo, como no fim do ano anterior. Em 2024, o setor faturou R$ 328 bilhões em São Paulo, registrando um crescimento real de 3% (já descontada a inflação) em relação ao ano anterior. O faturamento representa cerca de 30,7% do que é arrecadado pelo setor no país.

Segundo a Apas, os dados refletem a retomada da atividade econômica, a reorganização do consumo das famílias e uma expansão significativa no número de estabelecimentos e na geração de empregos.

Somente em 2024, foram inauguradas 4.023 lojas no estado de São Paulo, resultando em um saldo positivo de 2.668 novos pontos comerciais, após o fechamento de 1.355 unidades.

A entidade ressalta que há uma mudança no perfil das novas lojas, com aumento das lojas de menor porte e de maior proximidade com clientes. Um exemplo é o segmento de lojas de condomínio, que cresceu 53,5% em 2024. Já o de hipermercados caiu 10%.

Em relação a geração de empregos, o setor criou 22 mil novas vagas em 2024, sendo 75% delas ocupadas por mulheres. Atualmente, o setor emprega cerca de 690 mil pessoas no estado, com 34 mil vagas ainda disponíveis.

Para solucionar o problema da ocupação de postos de trabalho, a Apas tem se reunido com agentes do governo, como o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Segundo o presidente da associação, uma das ideias apresentadas é a possibilidade de não desvincular beneficiários de programas sociais após a ocupação de uma vaga de emprego.

“Temos que tentar diminuir esse apagão de mão de obra que estamos tendo, prejudicando nossa operação e nosso crescimento. É um tema muito sensível que não é só do setor supermercadista, mas temos tentado tratar isso da melhor maneira possível”, afirmou Ortega.

Uma eventual flexibilização da jornada de trabalho também foi discutida, com possíveis modelos que remunerem por hora de serviço.

“Pensamos no jovem, para que ele possa trabalhar cedo, mas não trabalhar a tarde ou o contrário. Muitos querem trabalhar no fim de semana, outros não. Nós temos que nos adaptar a um modelo modernizado”, disse o presidente da Apas.

Em 2025, a Apas completa 54 anos de atuação na representação do setor supermercadista de São Paulo, que responde por 9,7% do PIB do estado, segundo a instituição. Atualmente, a entidade representa 1.654 empresas associadas.

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Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
gustavo.silva@moneytimes.com.br
Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.

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