Economia

Super Setembro? Bancos centrais sobem juros nas próximas semanas; veja o que esperar

30 ago 2022, 15:37 - atualizado em 30 ago 2022, 15:37
Renda Fixa
Europa, Reino Unido e EUA vão elevar juros em setembro; Brasil ainda está se decidindo. (Imagem: Mehaniq)

No mercado financeiro, existe um fenômeno conhecido como “Super Quarta”, quando as agendas do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil se alinham e as autoridades monetárias divulgam sua taxa de juros no mesmo dia. O que o mercado talvez não esteja preparado é para um “Super Setembro”.

Ao longo do próximo mês, alguns dos principais bancos centrais do mundo devem promover reajustes nas suas taxas, entre eles o Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE), além do Fed e do BCB.

Acontece que boa parte dos reajustes devem ser de alta. A Europa está se preparando para um inverno com fornecimento limitado de energia, graças à guerra na Ucrânia e às sanções contra o gás russo. Isso vai pressionar ainda mais a inflação na região, além de afetar a produção industrial.

Para piorar, o governo da China voltou a aumentar as restrições à Covid. Grandes cidades, como Dalian – um importante centro de importação de soja e minério de ferro – e Shenzhen, ordenaram medidas como bloqueios em grandes distritos e fechamento de negócios após surtos da doença. O fechamento da economia chinesa pode provocar novas oscilações de preços das commodities.

Agenda dos BCs

O calendário de reuniões começa com o BCE, na quinta-feira (8). E as projeções não são as melhores: o chefe do banco central francês, François Villeroy de Galhau, afirmou que o BCE deve promover outro aumento “significativo” na taxa de juros.

Em julho, o banco central elevou os juros em 0,5 ponto porcentual – primeira alta em 11 anos – para controlar a inflação. O problema é que o BCE demorou muito para apertar sua política econômica e a Zona do Euro se vê no meio de uma crise energética que está pressionando cada vez mais os preços.

A inflação anual na região atingiu o recorde de 8,9% em julho. Trata-se da taxa mais elevada desde que o euro foi criado em 1999. A energia foi o que mais impactou o indicador, com 4,02 pp, seguido pelos alimentos (2,08 pp).

As expectativas eram de uma nova alta de 0,50 pp nos juros. No entanto, o membro do conselho do BCE e presidente do banco central da Estônia, Madis Muller, defende um movimento mais agressivo, de 0,75 pp.

No dia 15 de setembro, será a vez do BoE. No começo de agosto, o banco britânico promoveu a sua sexta alta consecutiva, sendo que a última foi de 0,50 pp. Foi a maior elevação da taxa de juros em 27 anos.

No Reino Unido, a inflação atingiu os dois dígitos em julho, subindo para 10,1% na base anual. Além disso, a ata do BoE sinaliza que alta nos preços chegará a 13,2% no quarto trimestre e que a economia britânica entrará em recessão até o final do ano. Ou seja, o ciclo de aperto continua.

Super Quarta

Na semana seguinte, no dia 21 de setembro, acontece a Super Quarta. No dia, o Fed também elevará a sua taxa de juros – o mercado ainda não chegou a um consenso de se o reajuste será de 0,50 ou 0,75 pp.

Jerome Powell, presidente do Fed, já disse mais de uma vez que a decisão será baseada na evolução dos indicadores econômicos e que o objetivo do banco central americano é puxar a inflação de volta para a meta de 2%. Alguns dias antes, será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) e trará um pouco de esperança de arrefecimento inflacionário.

Em julho, um dos indicadores mais importantes de inflação dos Estados Unidos e acompanhado pelo Fed, o chamado índice PCE (índice de preços de consumo pessoal), caiu 0,1%. Ainda assim, o mercado de trabalho segue aquecido, pressionando a inflação salarial.

Por aqui, a dúvida é se o Banco Central promoverá um ajuste residual de 0,25 pp ou se encerra o ciclo de alta na Selic.

A inflação de julho registrou queda de 0,68%, graças ao controle de preços dos combustíveis e energia; e as projeções indicam uma nova queda em agosto. Apesar disso, a inflação deve voltar a subir em setembro e o BC já deixou claro que ainda é cedo para dizer que o Brasil escapou da alta nos preços, ainda mais com as principais economias à beira de uma recessão.

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