Super Quarta: O que o Fed sinalizou que fez o dólar cair abaixo de R$ 5,00?
Após perder força e acelerar a queda frente ao real, o dólar à vista fechou abaixo dos R$ 5,00 após o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) manter a taxa de juros no intervalo entre 5,25%-5,50%, pela quinta vez seguida.
A moeda norte-americana recuou 1,1%, cotada a R$ 4,97 para venda, após alcançar as máximas de R$ 5,03 ao longo do pregão, operando com sinal positivo antes da decisão do Fed. Nesta semana, o dólar à vista chegou a R$ 5,05 nesta semana, no maior patamar desde outubro de 2023.
Por volta das 17h10 (de Brasília), o contrato futuro com vencimento em abril caía 1%, também a R$ 4,97. Lá fora, o Dollar Index (DXY) seguia em queda, aos 103,4 pontos, ao inverter o sinal de alta para perdas após o Fed.
Daqui a pouco, aqui, tem a decisão de política monetária do Banco Central (BC), no qual deverá cortar a taxa Selic para 10,75%.
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Dólar a mercê dos ‘Xs da questão’
O Federal Reserve seguiu com a taxa de juros inalterada. Porém, sinalizou que fará três cortes ainda este ano. Os Xs da questão são quando a autoridade monetária iniciará o corte de juros e qual deverá ser a magnitude desses cortes.
“O Fed manteve a mensagem prospectiva, considerando que a autoridade permanecerá preparada para ajustes na política monetária caso seja necessário, deixando bem datadependent [dependente de data]”, comentam Étore Sanchez e Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos.
A autoridade monetária americana divulgou o famoso gráfico de pontos (dot plot), que mostram as projeções dos dirigentes em relação à economia e política monetária. Veja abaixo:
- 1 dirigente vê juros entre 4,25% e 4,50% — um corte de 1 p.p.
- 9 dirigentes veem juros entre 4,50% e 4,75% ao fim de 2024 — um corte de 0,75 p.p.
- 5 dirigentes veem juros entre 4,75% e 5% ao fim de 2024 — um corte de 0,50 p.p.
- 2 dirigentes veem juros entre 5% e 5,25% — um corte de 0,25 p.p.
- 2 dirigentes veem juros no nível atual ao fim de 2024
“Ainda assim, nota-se que há um número relevante de dirigentes que vê menos espaço para cortes. Para 2025, o cenário segue amplamente aberto, ainda que haja uma maior propensão dos dirigentes a executarem outros três cortes, com a taxa chegando em 3,75% a 4,00% ao fim do ano que vem”, avalia o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves.
O estrategista-chefe da Monte Bravo Investimentos, Alexandre Mathias, acrescenta que o sinal mais importante do Federal Reserve nesta reunião foi o de manutenção da mediana com três cortes de 0,25 ponto percentual (p.p.) este ano.
“Com isso, as taxas [de juros] mais curtas estão se deslocando para baixo nos Estados Unidos de maneira significativa e ajudando os ativos de risco, levando o DXY a perder força”, comenta Mathias.
Sem data para iniciar o corte da taxa de juros, o presidente do Fed, Jerome Powell, reforça que a inflação americana está “muito alta” e que a autoridade monetária persiste em alcançar a meta de 2%.
Contudo, o analista de investimentos da Unicred, Carlos Magno da Silva Chareta, avalia que indicadores como o relatório de empregos (payroll) e o índice de inflação ao consumidor (CPI) superaram as expectativas do mercado, levando a revisão das projeções e das possíveis decisões do Fed.
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Diante disso, o impacto da postergação do início de corte de juros impacta negativamente as economias de países emergentes, o que tende a deixar suas moedas desvalorizadas ante o dólar, como o real.
O estrategista-chefe da BGC Liquidez, Daniel Cunha, observa que existia um temor no mercado financeiro de que esses indicadores recentes pudessem mexer com a projeção do Fed de três cortes para dois este ano. Porém, tal receio não se concretizou.
“A manutenção dessa projeção [de três cortes] é o que provoca a reação positiva imediata nos ativos de risco. Porém, o mercado se debruça nos detalhes das novas projeções de crescimento, inflação e expectativa para os juros para além de 2024. Percebe-se um movimento mais conservador que ainda sugere postura mais prudente do Fed”, pondera.
*Com Juliana Américo