Opinião

Super quarta não deve alterar nada, Estados Unidos tem metas com dólar frágil!

16 jun 2021, 8:22 - atualizado em 16 jun 2021, 8:22
Banco Central
Devido ao IPCA de 0,83% em maio, começo de uma crise hídrica já sinalizada pelo início das usinas termo em atividade, o que represente mais inflação (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Acreditamos que se engana quem acredita que o FED e governo americano alterarão algo nos seus programas de incentivo à economia e taxa do juro, como consequência do PPI de 0,8% ante projeção de 0,5% e pressão sobre juros nos treasuries, o dólar fragilizado é uma estratégia americana para recompor o dinamismo do seu parque industrial e as exportações e conter as importações, e, desta forma, retomar o desenvolvimento afetado pela pandemia do coronavírus.

Isto parece claro, mantendo os incentivos que vem promovendo sem reduzi-los quebrará o ímpeto do juro dos treasuries e tudo volta ao normal.

Até o nosso real, que tem viés de queda, se apercebeu disto e ontem iniciou o dia repercutindo o fato do juro sobre os treasuries ter estressado, elevando o preço e depois recuou como recuará na medida em que o COPOM sancione outra elevação da SELIC, equacionando melhor a relação câmbio/juros no nosso mercado.

Devido ao IPCA de 0,83% em maio, começo de uma crise hídrica já sinalizada pelo início das usinas termo em atividade, o que represente mais inflação.

Idealmente, o COPOM poderia elevar a SELIC em não somente 0,75% como está previsto, mas ousadamente em 1%, dando um choque efetivo, para não correr o risco da inflação real ultrapassar a taxa SELIC no momento futuro.

Há inúmeras projeções colocando o PIB 2021 no entorno de 5%, mas é preciso que o governo não se deixe surpreender pela crise hídrica, o que seria neutralizante para a impulsão do crescimento.

Da mesma forma, considerando que a cobertura plena da vacina ainda atinge percentual muito baixo, este é outro fator neutralizante de crescimento, pois a pandemia está mais presente nas grandes capitais do sudeste.

Não há como ignorar certas realidades e sobrepor-lhes os anseios que o país tem de recuperação, principalmente em ambiente eleitoral, para não perder o foco real.

O mundo melhora a percepção de recuperação, contudo é importante que este fato não contamine economias que têm maiores dificuldades e estas passem a se considerar no mesmo ritmo.

O Brasil tem inúmeros desafios a superar, situação fiscal frágil e necessidade urgente de dinamizar as reformas administrativas e tributária, minimamente.

Não há como ignorar certas realidades e sobrepor-lhes os anseios que o país tem de recuperação, principalmente em ambiente eleitoral, para não perder o foco real (Imagem: Pixabay)

Precisamos do crescimento para gerar empregos e renda à população, mas não devemos ter a ilusão de que os empregos serão gerados como antigamente.

Provavelmente, onde haviam 3 empregados seguramente só haverão 2 ou até 1, e os padrões salariais devem cair, pois a oferta de mão de obra será considerável, e o home office será uma realidade nova no país.

A pobreza cresceu acentuadamente no país com a pandemia, e o governo precisará de recursos para manter os programas assistenciais, e esta é uma necessidade que não dá para ignorar.

O dólar, como enfatizado, com o ajuste do juro deve buscar seu preço mais compatibilizado com a realidade brasileira, que tem enormes reservas cambiais, retrocedendo o preço até R$ 4,60/4,80 e ontem ficou evidente que os fatores que impulsionam a baixa são pouco sensíveis às pressões do aumento de juro dos treasuries americanos.

Os picos especulativos ficarão mais restritos e a volatilidade cairá, havendo mais sintonia com o nosso “status quo”, e é provável que os especuladores retornem ao país com suas operações de “carry trade”, o que traz fluxo e liquidez ao mercado.