Super Quarta-feira

03 maio 2017, 11:23 - atualizado em 05 nov 2017, 14:04

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

Mal começou a semana de negócios e os mercados financeiros já se deparam com uma quarta-feira recheada de eventos relevantes. Por aqui, o destaque é a votação do relatório da reforma da Previdência na comissão especial, enquanto lá fora, as atenções se voltam à decisão de juros nos Estados Unidos.

Após a ofensiva lançada pelo presidente Michel Temer, que retaliou e demitiu os deputados da base aliada que foram infiéis e votaram contra a reforma trabalhista, a expectativa dos investidores é de que o parecer seja aprovado, com um placar amplo. O presidente da comissão, Carlos Marun, garantiu que o governo já tem a maioria dos votos necessários para avançar o texto ao plenário.

Não há, portanto, necessidade de adiar a votação, pois o governo tem pressa e postergá-la pode sinalizar a falta de capacidade em chegar a consensos. Ao optar por mais tempo para convencer os deputados e intensificar as negociações, o governo poderia mostrar dificuldades no processo e prefere ter o texto definido logo para agregar votos. 

Mas o mercado doméstico ainda quer saber qual é o poder de Temer em relação à base aliada. O entendimento é de que o governo tem ao redor de 80 votos para trabalhar, caso consiga manter a fidelidade daqueles que garantiu apoio no passado recente. No placar da imprensa, porém, o total de votos contrários ainda supera, em muito, os favoráveis.

Assim, a cautela tende a prevalecer, com os investidores monitorando as negociações em Brasília. Enquanto isso, os negócios locais reagem aos dados de março da produção industrial. A expectativa é de queda de 1% na comparação com fevereiro, após ligeiras oscilações nos dois primeiros meses deste ano.

Com isso, o desempenho da indústria no terceiro trimestre deve ficar negativo. Em base anual, porém, a atividade deve ter subido 2,5%, reforçando a recuperação desigual do setor. Os números oficiais serão conhecidos às 9h. Depois, às 12h30, é a vez dos números de abril do Banco Central sobre a entrada e saída de dólares no país.

Na safra brasileira de balanços, sai o resultado financeiro do Itaú, antes da abertura. Já no exterior, a quarta-feira começa com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) na zona do euro, que deve mostrar que a economia da região vem ganhando tração no início de 2017.

Depois, o foco se desloca para os EUA. Por lá, serão conhecidos dados sobre a geração de vagas no setor privado (9h15) e sobre a atividade nos setores industrial (10h45) e de serviços (11h). Também são esperados os estoques semanais norte-americanos de petróleo bruto e derivados (12h30).

A temporada de balanços segue a pleno vapor. Também merece atenção o plano trimestral de financiamento do Tesouro norte-americano para a emissão de dívida de longo prazo, depois que o secretário Steven Mnuchin indicou interesse na venda de títulos com prazos superiores a 30 anos.

Mas o grande destaque no exterior é a decisão de política monetária do Federal Reserve, às 15h. O Fed deve confirmar as expectativas e manter a taxa de juros nos EUA entre 0,75% e 1%, mas deve sinalizar, no comunicado que acompanhará a decisão, quais poderão ser os próximos passos e se há chances de subir os juros já no mês que vem – ou só mais tarde.

Mesmo com a leitura de que o Fed não deve aumentar o juro norte-americano neste mês, o mercado também se protege para o evento. Os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho nesta manhã, sinalizando uma abertura negativa do pregão regular, o que contamina o início da sessão na Europa. Na Ásia, o desempenho foi misto, com as praças no Japão, Coreia do Sul e Hong Kong fechadas.

O dólar, por sua vez, está de lado antes da decisão do Fed. A moeda dos EUA mede força em relação às divisas de países desenvolvidos, mas perde terreno para as correlacionadas às commodities. O destaque fica com o dólar neozelandês, que sobe ante o xará norte-americano, após dados sobre o mercado de trabalho no país.

Nas commodities, o petróleo se recupera do tombo de ontem, quando o barril caiu ao menor nível em mais de um mês, para a faixa de US$ 47,60. Já os metais industriais, como o minério de ferro, são negociados em baixa, diante das regras mais rígidas de regulação financeira na China e da suavização nos dados de atividade, após a indústria chinesa cair mais que o esperado em abril e mostrar perda de tração do setor.

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