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Summers vê risco de ‘parada súbita’ nos EUA após salto de vagas

03 fev 2023, 14:17 - atualizado em 03 fev 2023, 14:17
Desemprego EUA
A taxa de desemprego caiu para 3,4%, o nível mais baixo desde 1969 (Imagem: REUTERS/Amira Karaoud/File Photo)

O ex-secretário do Tesouro americano Lawrence Summers destacou o risco de uma estagnação repentina da economia dos EUA após um salto na geração de empregos que superou as expectativas.

“É a situação economia mais difícil de interpretar de que consigo me lembrar”, disse Summers no programa “Wall Street Week” com David Westin da Bloomberg Television. Uma questão-chave após o salto nas folhas de pagamento dos EUA é se tudo isso “se converterá em renda que será gasta, que vai impulsionar bastante a economia”, ou se as empresas em algum momento vão concluir que têm funcionários demais “e veremos uma parada súbita”.

Summers falou depois que o relatório de empregos dos EUA de janeiro mostrou a criação de 517.000 postos de trabalho, bem acima das estimativas na enquete da Bloomberg junto a economistas. A taxa de desemprego caiu para 3,4%, o nível mais baixo desde 1969.

“Ainda acho que existe o risco” de uma espécie de momento do Coiote, disse Summers, em referência ao rival de Papa-Léguas no clássico dos desenhos animados, em que o personagem sempre acabava ultrapassando um penhasco, parava no ar e se dava conta de que ia despencar em queda livre. “Mas isso não é de forma alguma uma previsão segura.”

Outra questão importante é se a recente desaceleração da inflação salarial continuará, disse Summers, professor de Harvard e colaborador pago da Bloomberg Television. Os modelos econômicos não previram a extensão do salto nos ganhos salariais observado no final de 2022, disse ele, enquanto o ritmo atual está mais de acordo com o que eles teriam precificado.

“A questão agora é se essa inflação vai continuar caindo rapidamente”, disse ele. Se isso não acontecer, isso tornará o um pouso suave da economia mais desafiador, acrescentou.

Embora na semana passada Summers tenha destacado que um afrouxamento das condições financeiras — em grande parte graças o rali de ações e títulos — deveria preocupar o Fed, ele não chegou a criticar o presidente Jerome Powell por evitar qualquer expressão de preocupação em sua coletiva de imprensa na quarta-feira.

“Acho que o Fed está fazendo um bom trabalho ao retratar uma incerteza substancial na economia”, disse Summers. Os formuladores de política monetária estão “reconhecendo que será muito difícil e terão que tentar interpretar os dados mês a mês, e que haverá muitas surpresas”.