SulAmérica: multimercados serão os astros nos tempos de juros baixos
Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini
A situação dos multimercados no Brasil é totalmente diferente da dos hedge funds nos Estados Unidos, que estão em crise e perdendo clientes para os fundos passivos, observa Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmerica Investimentos. Lá, os fundos passivos, que apenas copiam as carteiras dos índices de ações ou juros ou outros papéis, estão dominando as aplicações porque os hedge funds ativos não conseguiram obter rendimentos acima dos de mercado, alguns até registrando perdas.
Com isso, os fundos passivos conseguiram o mesmo retorno, ou até mais, cobrando bem menos de taxa de administração. “Aqui a situação é inversa, os multimercados estão mostrando em horizonte longo de rentabilidade alta e o investidor brasileiro ainda vê valor nisso e vai migrar dos fundos mais passivos, como DI ou de papéis atrelados ao CDI para multimercados”, afirma Mello. “Estamos vivendo momento diferente do dos de EUA.”
Mello cita o caso da gestora americana Vanguard, especializada em fundos passivos, que reproduzem índices de mercados e que tem US$ 4 trilhões sob gestão. Descontando os fundos de curtíssimo prazo de renda fixa, os money market, de cada US$ 10 que entram em fundos, US$ 9 vão para a Vanguard e US$ 1 vai para outras. “E os custos caem pois a Vanguard cobra 0,12% ao ano em média, com alguns fundos cobrando só 0,04% ou 0,05%”, diz. Uma taxa muito menor que a dos fundos ativos, que podem cobrar 1%, 2% ao ano pela administração.
Um dos motivos dessa opção dos americanos pelos fundos passivos é que lá os mercados estão bem ajustados e em suas máximas históricas e não há tantas oportunidades como aqui. Então, o investidor vai para um fundo que acompanha o mercado em geral ou vai para risco direto, ou seja, fundos de participações em empresas menores os private equities.
Para Mello, o Brasil vai viver as mudanças pelas quais os Estados Unidos passaram há 20 anos, quando os fundos hedge, equivalentes aos nossos multimercados, atraíram grandes volumes de recursos por sua excelente performance e se tornaram as estrelas do mercado. “O gatilho vai ser a taxa Selic, se vai ficar em um patamar baixo por muito tempo, e não voltar a subir como em 2013”, afirma. A SulAmérica Investimentos trabalha com uma Selic de 7,5% no fim deste ano, mas espera alta dos juros no fim de 2018.