Citricultura

Sul/Sudoeste paulista justificam investimentos em suco de laranja, apesar do mercado fraco

09 ago 2019, 10:53 - atualizado em 09 ago 2019, 11:21
Mudança geográfica da laranja em produção de campo agora tem potencial para mais investimentos (AgriPlanning)

Quase em sintonia com a queda do consumo mundial de suco de laranja, a produção foi mudando de geografia no estado de São Paulo. Controlar mais o greening e, portanto, cortar custos segurando a produtividade que a doença tirava, foi o foco. Agora, o Sul e o Sudoeste entram numa fase que já se justifica a operação industrial dos players nacionais.

Cutrale e Citrosuco já dominam os pomares, mas a laranja tem que ser escoada por Itapetininga ou Avaré para acessar as unidades processadoras das regiões de Campinas ao centro do estado e as do Norte. “Esse hoje é um dos últimos gargalos, mas com a produtividade consolidada e expansão de novos projetos agrícolas, estou prevendo que investimentos em processamento de suco deverá ser uma questão de tempo”, avalia Maurício Mendes, CEO da AgriPlanning, especialista em consultoria ao setor cítrico.

Ele próprio está envolvido em operação de expansão produtiva próxima a Angatuba.

Especificamente, o Sudoeste é mais promissor, representando 17% de toda a área produtiva de São Paulo e Minas. Na soma com o Sul, os inventários de 2019 apontam 152,1 mil hectares sobre 395,7 mil/ha do Citrus Belt (em 2018 haviam 404 mil/ha plantados).

Na verdade, a produção lá já foi a maior do Brasil na primeira metade do século passado, depois dizimada pela doença conhecida por Tristeza de Capão Bonito. Retomou muito tempo depois, com controles e a volta da liberação de viveiros. Agora experimenta uma nova fase, mesmo com o mercado menor que os sucos calóricos sofrem de outras bebidas.

“De 2003 a 2012, a queda do consumo mundial foi forte e desde então passou a cair menos”, diz Mendes, que também é produtor independente de laranja.

Como o tempo é mais frio naquelas regiões, o greening passou a ser mais controlado, o que ajudou a fortalecer a produção. A produtividade média vai de 1,2 a 1,3 mil caixas por hectare, contra a média de 1 mil caixas/ha no resto das outras zonas produtoras mais tradicionais. “Mas o manejo é importante, pois o regime de chuvas (mais regular) é diferente”, acentua o consultor da AgriPlanning.

O período mais longo de frio também implica em cuidados com a florada, que logo mais está para começar nos laranjais comerciais da safra 19/20.

O potencial para investimentos industriais não se justifica apenas olhando a produção porteira adentro. Apesar da queda do consumo mundial, e consequentemente depreciação das cotações em Nova York, o Brasil ainda domina o mercado de suco, com em torno de 3 vezes mais da produção da Flórida, que perdeu muito com o greening e os furações.

São aproximadamente 1 milhão de toneladas anuais para cerca de 250 mil. Este ano a produção do estado americano cresceu um pouco e a do Brasil caiu, mas foi pontual, como mostrou Money Times recentemente (1/8).

E tem a China no alvo, cuja tendência vista por Maurício Mendes é de ir migrando para grande consumidor (e produtor de tangerinas) de laranja fresca para o suco concentrado. Há barreiras tarifárias que estão em negociação, como a incidente sobre o suco nas temperaturas embarcadas a granel (os chineses preferem suco em contêineres).

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