Suínos

Suínos: as exportadoras estão perto da China, mas os integrados não, dizem produtores

24 jul 2019, 13:16 - atualizado em 24 jul 2019, 13:29
Granjeiros integrados estariam com preços defasados na entrega dos suínos (Imagem: Divulgação Governo Federal)

As exportações brasileiras de carne suína estão explodindo em volume e valores, porém nem todos na cadeia produtiva estão contentes. Parte significativamente maior dos granjeiros integrados com as cooperativas processadoras e indústrias não estariam recebendo o justo valor pela entrega do animal gordo a ser abatido pelos compradores. A situação estaria sendo pior para os verticalizados.

Na suinocultura (como na avicultura), os integrados verticalizados são os que recebem o leitão para engordar (com frete), a ração, vacinas e assistência técnica dos compradores, cuja valoração do produto acabado é medida pela eficiência produtiva, com indexadores que variam de porta em porta. Na média dos estados do Sul, onde está a concentração produtiva, eles chegam a 80% do total de criadores.

Além de variar de empresa para empresa, o coeficiente que gera o resultado nem sempre está claro para o granjeiro, e não cobre seus custos diretos como energia, mão de obra, manutenção das instalações, valor da terra, entre outros, segundo Valdecir Folador, presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs).

“Desde janeiro praticamente não houve mudança de preços para eles”, diz, lembrando que o Brasil, nesse intervalo até junho exportou 346,6 mil toneladas correspondentes a US$ 699,7 milhões, respectivamente 24,5% e 23,4% acima de igual período de 2018, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Com a Peste Suína Africana assolando a China, que junto com Hong Kong, lideram as compras, a tendência é de alta neste semestre, quando deve ter um impacto mais efetivo sobre os preços, também de acordo com a ABPA.

Mesmo barco

O preço do kg vivo praticado nesta terça (23) no Rio Grande do Sul estava em R$ 4,76, em pressão de baixa (veja abaixo), e o preço base do suíno gordo para os integrados com contrato de venda (eles arcaram com todos os custos, mas tem garantia assegurada em volume de venda) na faixa dos R$ 3,80, mas para os integrados verticalizados a cotação era um pouco menor.

Situação idêntica no Paraná, maior produtor nacional, onde o número de verticalizados é um pouco menor (pelo maior número de cooperativas), em torno de 65%, medido pelo número total de fêmeas no estado, de aproximadamente 330 mil.

“Não que os integrados de contratos estejam contentes, mas os verticalizados sentem mais o peso”, informa Jacir Dariva, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores, lembrando que inclusive hoje os produtores estão discutindo o tema em Toledo, junto com a Federação de Agricultura do Estado (Faep) nas câmaras setoriais do setor.

Tanto Dariva quanto Folador argmentam, ainda, que há todo um trabalho adicionado, não mensurado, que é o esforço de cuidar do animal até que chegue ao ponto de entrega, em torno dos 125 kgs.

A ABPA foi acionado para expressar sua opinião sobre o tema e até o fechamento deste texto na havia se pronunciado.

Cotações

No Rio Grande do Sul, em 15 de julho o kg do suíno vivo no spot estava em R$ 4,91, caindo de R$ 5,02 praticado uma semana antes. Em 28 de janeiro, quando começou mais forte a demanda chinesa, estava em R$ 3,61.

Verifica-se, portanto, que os valores de certa forma acompanharam o preço da carne posta nos portos, que chegaram a passar de R$ 8,00, aponta Valdecir Folador, da Acsurs.

Agora começou uma pressão de baixa nos preços no estado, a R$ 4,76. Queda também registrada pelo presidente da APA no Paraná.

Dariva viu ontem preços de R$ 4,70/kg. “As indústrias que não estão exportando ou aquelas que chegaram na sua capacidade máxima tentam agora jogar preços mais para baixos”.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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