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Suíço revela segredos de rede global de insider trading

10 jan 2020, 15:22 - atualizado em 10 jan 2020, 15:22
Demane Debih está atrás das grades desde sua prisão na Sérvia em 2018 e se declarou culpado em outubro do ano passado (Imagem: Stefan Wermuth/Bloomberg)

Ele recorreu a um cofre cheio de dinheiro para pagar informantes sobre ações corruptos e usou faturas falsas de vendas de obras arte para mascarar alguns pagamentos. Ele roubou informações da namorada de um banqueiro, cavou reportagens com jornalistas e disfarçou negociações ilegais usando outras pessoas para comprar ações.

Na quarta-feira, Marc Demane Debih, um empresário suíço falido, revelou ao júri de Nova York os métodos secretos que usou para ganhar US$ 70 milhões de forma ilegal por meio de uma rede global de informações privilegiadas.

Ao depor para promotores dos Estados Unidos, Demane Debih é a principal testemunha do governo norte-americano no julgamento de Telemaque Lavidas, o primeiro a enfrentar um júri no país após uma investigação de vários anos de uma suposta conspiração de maior escala.

“Concordamos em compartilhar informações internas e rumores”, disse Demane Debih sobre seu relacionamento com um membro da rede. “Se ele conseguisse informações privilegiadas, me passaria. Eu negociaria a informação para ele.”

Demane Debih está atrás das grades desde sua prisão na Sérvia em 2018 e se declarou culpado em outubro do ano passado por 38 acusações de abuso de informação privilegiada.

Promotores dizem que ele tinha um importante papel em uma ampla rede de contatos em três continentes que compartilhavam informações sobre aquisições pendentes de empresas e pagavam informantes sobre ações, que incluíam executivos, banqueiros e colecionadores de arte.

Demane Debih, de 49 anos, que concordou em cooperar com as autoridades para reduzir sua sentença, testemunhou que as dicas de Lavidas ajudaram a obter ganhos com as ações da Ariad Pharmaceuticals, com sede em Boston.

Lavidas recebeu informações privilegiadas do pai, que era membro do conselho da Ariad na época, e passou os dados para Georgios Nikas, um empresário grego que era dono de restaurantes em Nova York, segundo os promotores. Demane Debih, que descreveu Nikas como amigo, disse que nunca recebeu dicas diretamente de Lavidas.

As informações secretas da Ariad se destacaram de outras informações privilegiadas que havia recebido de banqueiros de investimentos porque vieram “de alguém que trabalhava lá – neste caso, um membro do conselho”, disse Demane Debih aos jurados na quarta-feira.

Além de Nikas, Demane Debih testemunhou que recebeu informações de John Dodelande, um colecionador de arte francês conectado a banqueiros de investimento. Às vezes, Dodelande fornecia documentos sobre negócios roubados e compartilhava informações sobre mais de 15 transações no total, disse Demane Debih. Ele concluiu que as fontes de Dodelande provavelmente trabalharam para o Moelis & Co. e Centerview Partners.

Benjamin Taylor, ex-banqueiro do Moelis, e Darina Windsor, ex-Centerview Partners, foram indiciados pelos EUA em outubro. Taylor e Windsor dividiam um apartamento em Londres, às vezes se comunicando por códigos e usando nomes de animais de estimação “Pops“ e “Popsy“ em e-mails, de acordo com o governo. Eles são responsáveis por fornecer informações privilegiadas sobre 22 empresas.

Taylor e Windsor não compareceram ao tribunal para responder às acusações. Os promotores disseram que Taylor está na França e Windsor, na Tailândia. Dodelande não respondeu imediatamente a um e-mail pedindo comentários.

Culpado

Na terça-feira, Bryan Cohen, ex-banqueiro de investimento do Goldman Sachs, se declarou culpado de passar informações confidenciais a Demane Debih. Nikas, que enfrenta acusações de abuso de informação privilegiada, está na Grécia e é considerado fugitivo pelos EUA. O pai de Lavidas, Athanase Lavidas, não foi indiciado.

Demane Debih disse que entrou no mercado de ações há cerca de 14 anos, depois de fracassar nos negócios de importação de café, venda de cigarros e de tentar trazer empresas estrangeiras para a Sérvia. Uma empresa de diamantes que ele financiou com um parceiro fechou as portas depois de apenas alguns meses.

Ele usou US$ 3 milhões da venda de um barco da família e de uma herança para financiar suas primeiras atividades de trading.

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