Substituto de Campos Neto: Galípolo poderá ser treinado para assumir Banco Central em 2025
O nome de Gabriel Galípolo, secretário-executivo da Fazenda, já foi confirmado para assumir o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece ter planos maiores para o braço direito de Fernando Haddad.
O fato de ser muito ligado ao ministro da Fazenda e próximo de Lula, sugere que Galípolo será um provável candidato para assumir a liderança da autoridade monetária quando acabar o mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto, em dezembro de 2024.
E o seu nome agrada gregos e troianos. Ontem, ao confirmar a indicação de Galípolo, Haddad comentou que a primeira vez que ouviu o nome do seu secretário para assumir a cadeira de Política Monetária foi de Campos Neto. Isso pode ajudar o governo a se aproximar do Banco Central e já aproveitar para treinar Galípolo para um cargo mais alto.
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Para Rafael Passos, analista da Ajax Capital, destaca que a chegada de Galípolo não deve causar mudanças bruscas na forma de atuar do Banco central, pelo menos não até o fim de 2024. “Até lá Lula terá indicado mais quatro diretores e o seu presidente. Ou seja, a partir da segunda metade de seu mandato, Lula terá um Banco Central com um perfil que ele entende como o mais adequado para os objetivos de seu governo”, afirma.
Ele também aponta que o desempenho do secretário como diretor será relevante para determinar o seu futuro e o da autarquia. Galípolo pode exercer um papel de contraponto à atual política monetária, com votos dissidentes já nas primeiras reuniões do Copom.
“Ou ele pode tentar uma estratégia distinta, quando tentaria criar uma reputação anti-inflacionária junto ao mercado sem se destacar numa forte oposição às linhas atuais do Copom. Neste caso, nome de Gabriel Galípolo se viabilizaria para substituir Campos a partir de 2025”, diz Rafael.
Galípolo divide opiniões
Já Eduardo Nishio, chefe de análise da Genial Investimentos, destaca que a indicação de Galípolo dividiu o mercado.
De um lado, por ser o braço direito de Haddad, e diante das pressões do governo no sentido de acelerar o processo de redução da taxa Selic, a indicação foi vista por muitos como uma forma de interferência do governo nas decisões de do Banco Central.
“Para estes analistas, é uma indicação política, pouco técnica, que vai gerar conflitos nas decisões de política monetária. O que, em conjunto com declarações anteriores de Galípolo sobre política monetária, poderão afetar negativamente a credibilidade do Banco Central”, diz.
Por outro lado, a nomeação também é vista como positiva, uma vez que Galípolo é originário do mercado financeiro e tem alguma experiência quanto ao funcionamento do mercado, podendo contribuir positivamente com as decisões de política monetária.
Vale lembrar que antes de ir para o Banco Central, Galípolo precisará passar por sabatina e por votação no Senado Federal. A princípio, se não for para a cadeira de presidente em 2025, ele cumpre o mandato de diretor até fevereiro de 2027, com direito a uma recondução.