STF é o editor-chefe do Brasil? Após censurar, agora dá exclusivas de Lula
Por Gustavo Kahil, editor e sócio-fundador do Money Times
Após censurar a revista CrusoÉ, do site O Antagonista, por revelar que o ministro Dias Toffoli havia cito citado em uma delação de Marcelo Odebrecht em depoimento à Lava Jato, o STF continua a decidir o que pode ou não pode ser publicado – e por quem – no Brasil.
Os “editores” do STF derrubaram a censura, ok! Mas isso não quer dizer que passaram a entender alguma coisa sobre liberdade de imprensa.
O ministro Ricardo Lewandowski “pautou” a imprensa hoje ao determinar que a entrevista a ser concedida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (26), na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), restringe-se aos jornalistas Florestan Fernandes Júnior, do jornal El País, e Mônica Bergamo (RCL 32035), da Folha de São Paulo.
Para o relator, não se pode impor a presença de outros jornalistas sem expressa autorização de Lula.
“A liberdade de imprensa, apesar de ampla, deve ser conjugada com o direito fundamental de expressão, que tem caráter personalíssimo, cujo exercício se dá apenas nas condições e na extensão desejadas por seu detentor, no caso, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao qual não se pode impor a presença de outros jornalistas ou de terceiros, na entrevista que o Supremo franqueou aos jornalistas Florestan Fernandes e Mônica Bergamo, sem a expressa autorização do custodiado e em franca extrapolação dos limites da autorização judicial em questão”, frisou o ministro.
E determinou ainda que ninguém mais, além de Fernandes e Bergamo, salvo as equipe técnicas, participem.
Eu não sei vocês, mas tudo isso parece muito distante do que o deveríamos esperar desta redação, ops, Corte. Além de pautar o debate nacional, ao seu bel prazer e desejo, passando por cima do Legislativo e Executivo, o STF também amplia os seus poderes ao cargo absoluto de Editor-Chefe do Brasil.